O leilão público organizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na última quinta-feira (06.06) para adquirir 300 mil toneladas de arroz importado está sendo questionado por suspeitas de favorecimento. Empresas associadas a Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor do ex-ministro da Agricultura Neri Geller, mediaram a venda de 44% do arroz comprado pelo governo.
Robson atuou como assessor de Neri Geller durante seu mandato como deputado federal e é sócio de Marcelo Piccini Geller, filho do ex-ministro, em um outro empreendimento em Cuiabá. Ele também foi colega de Thiago dos Santos, atual diretor de Operações e Abastecimento da Conab, no gabinete de Geller.
França é presidente da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e da Foco Corretora de Grãos, ambas fundadas em maio de 2023, logo após o governo federal anunciar a retomada da política de formação de estoques e o aumento das operações de comercialização agrícola. As empresas intermediaram a negociação de 116 mil das 263,3 mil toneladas comercializadas no leilão.
Robson nega qualquer favorecimento e afirma que a BMT foi criada de maneira legal e está apta a participar de leilões públicos. Ele declara não ter contato frequente com Geller e Santos. O ex-ministro Geller, por sua vez, alega não ter conhecimento da participação de França no leilão e argumenta que não pode impedir a atuação de um profissional liberal no mercado.
A participação de empresas com pouca experiência e sem histórico no mercado de arroz gerou dúvidas entre produtores e especialistas do setor.
A Conab nega qualquer irregularidade e assegura que o processo foi transparente. No entanto, a entidade vai convocar as bolsas de mercadorias que participaram do leilão para apresentar provas da capacidade técnica e financeira das empresas vencedoras.