Nicolás Maduro (foto) ameaçou condenar a prisão aos manifestantes que têm ido às ruas da Venezuela em contra da fraude nas eleições de domingo, 30 de julho, que reelegeram o ditador.
“E o peso da lei será aplicado a eles. No mínimo, passarão na cadeia, no mínimo, no mínimo, pela medida mais baixa, 15 anos por crimes. De 15 a 30 anos, me diz aqui o procurador-geral [Tarek William Saab]. E desta vez não haverá perdão. O grande coração do perdão ficará para outra época. Agora, não”, disse Maduro em pronunciamento televisivo nesta terça-feira, 30 de julho.
“E tenho certeza que eles vão dizer, os Estados Unidos vão dizer, seus aliados vão dizer, a União Europeia vai dizer, [o advogado austríaco e Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos] Volker Türk vai dizer que estes são presos políticos. Eles vão dizer que todos esses são presos políticos, porque o senhor [Edmundo] González Urrutia, mais conhecido como ‘Guaidó 2.0’, já disse isso hoje, assumindo sua responsabilidade nesses eventos”, acrescentou.
Opositor pede fim da repressão
O candidato presidencial da oposição na Venezuela, Edmundo González, pediu nesta terça-feira, 39, que as Forças Armadas venezuelanas “parem com a repressão” à população que saiu às ruas para protestar contra a farsa eleitoral montada pelo ditador Nicolás Maduro no domingo, 28 de julho.
Em vídeo, González expressou solidariedade ao povo “diante de sua justificada indignação”, afirmando que os venezuelanos querem “paz e respeito” à vontade popular.
“Venezuelanas e venezuelanos,
Minha solidariedade está com o povo diante de sua justificada indignação. Infelizmente, nas últimas horas, temos relatos de pessoas mortas, dezenas de feridos e detidos. Às Forças de Segurança e às nossas Forças Armadas pedimos que respeitem a vontade dos venezuelanos, expressa em 28 de julho, e parem com a repressão às manifestações pacíficas.
Vocês sabem o que aconteceu no domingo. Cumpram com seu juramento. A Constituição está acima de todos. Nós, venezuelanos, queremos paz e respeito à vontade popular. A verdade é o caminho para a paz.”
Quase 750 presos
O procurador-geral da República na Venezuela, Tarek William Saab, afirmou nesta terça-feira, 30, que 749 pessoas foram presas por manifestações nesta segunda-feira, 29, contra o resultado da “eleição” que deu mais um mandato ao ditador Nicolás Maduro.
O número é 5,5 vezes maior do que os 46 presos apontados pela ONG Foro Penal. Até às 10 horas desta terça, os ativistas haviam apurado 132 prisões e seis mortes de pessoas entre 15 e 40 anos.
Abertamente chavista, Saab chamou os manifestantes de “delinquentes”, alegando que eles tinham armas.
“São assassinos”, disse o procurador ligado ao governo. “As pessoas que atuaram nos vídeos que mostramos serão processados por terrorismo.”
No entanto, é o governo venezuelano que tem escalado a repressão a opositores políticos nas últimas horas, após milhares tomarem as ruas contra o resultado das eleições.
Deputados da oposição são sequestrados em Caracas
Mais cedo, dois deputados venezuelanos — incluindo o líder do partido de oposição Voluntad Popular (“Vontade Popular“), de oposição a Nicolás Maduro — foram sequestrados nesta terça-feira, 30, em Caracas. Imagens mostram o momento que homens encapuzados levam o parlamentar Freddy Superlano, de azul, e um segundo homem.
“Alertamos a comunidade internacional sobre uma escalada repressiva da ditadura de Nicolás Maduro contra os ativistas da causa democrática”, escreveu o partido Voluntad Popular em suas redes sociais.
Ex-prefeito de Caracas perseguido pelo regime chavista, Antonio Ledezma acusou Nicolás Maduro de ter ordenado o “sequestro” de María Corina Machado, líder da oposição venezuelana.