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Justin Trudeau deveria renunciar – LEIA URGENTE

O problema de criticar Justin Trudeau não é onde começar, mas onde terminar. A propensão de Trudeau para gafes e vulgaridades foi estabelecida muito antes de ele se tornar primeiro-ministro. E esse lado “fofo” e insubstancial até parecia que poderia ter um lado positivo quando ele formou um governo: enquanto Trudeau se concentrasse em acrobacias irritantes e sinalização de virtude, ele teria pouco tempo para estragar o país. Infelizmente, no entanto, o longo rosário de escândalos e erros de seu governo provou que essa teoria estava errada.

A última crise de Trudeau é sem dúvida a pior. O novo governo Trump ameaçou impor uma tarifa de 25% sobre produtos canadenses que entram nos EUA, a menos que o Canadá interrompa o fluxo de drogas e migrantes pela fronteira. A relação comercial entre o Canadá e os Estados Unidos é a maior entre dois países do mundo. O valor total do comércio transfronteiriço foi de US$ 926 bilhões em 2023, ou cerca de US$ 2,5 bilhões por dia. Essa realidade deve tornar qualquer problema com a segurança da fronteira uma alta prioridade para o Canadá; e qualquer ameaça de tarifas é uma emergência nacional.

Como Trudeau reagiu? Primeiro, ele jantou com Trump em Mar-a-Lago, o que parece não ter produzido nenhum resultado. Em seguida, no evento beneficente “Equal Voice Gala para o Dia Internacional dos Direitos Humanos”, Trudeau fez um discurso atacando os Estados Unidos por não elegerem Kamala Harris e se declarou um “feminista orgulhoso”. Então ele executou uma série de movimentos desajeitados para realocar sua ministra das finanças, Chrystia Freeland, e substituí-la por Mark Carney, ex-governador do Banco do Canadá e do Banco da Inglaterra. Freeland recusou esse rebaixamento e apresentou sua renúncia.

Tudo isso aconteceu na mesma manhã em que Freeland deveria apresentar uma atualização orçamentária conhecida como Declaração Econômica de Outono, que já estava com semanas de atraso. Qualquer desacordo que tenha ocorrido a portas fechadas entre Trudeau e Freeland provavelmente envolveu o aumento de empréstimos e gastos em dois esquemas cínicos de compra de votos: um adiamento de dois meses do Imposto sobre Bens e Serviços e um desconto de US$ 250 para famílias que ganham menos de US$ 150.000 por ano. Não está claro qual é o propósito de tentar encaixar Carney no governo. Mas o último episódio parece repetir um antigo padrão familiar do escândalo SNC Lavalin, no qual Trudeau intimidou e expulsou sua própria procuradora-geral (e indígena) de seu gabinete por resistir à pressão para fechar um acordo para uma corporação politicamente conectada que enfrentava acusações de corrupção. No evento, o “feminista” Trudeau demitiu a mulher e a substituiu por um homem mais obediente.

Hipocrisia e turbulência parlamentar não são as piores partes da situação atual, no entanto. A Declaração Econômica de Outono é efetivamente um mini-orçamento, destinado a avaliar as finanças do Canadá no próximo ano. O cenário fiscal é sombrio: uma década de empréstimos e gastos inúteis deixou um déficit de US$ 62 bilhões no ano passado, US$ 20 bilhões a mais do que o governo havia prometido. O governo não parece ter feito nenhum esforço para cumprir seu compromisso de gastos com defesa da OTAN de 2% do PIB. E reservou escassos US$ 1,3 bilhão para a segurança da fronteira.

Este é o trabalho de um governo que há muito tempo desistiu de tudo, exceto do instinto de permanecer no poder e correr o tempo até a próxima eleição. O Partido Liberal de Trudeau tem sido uma força política dominante no Canadá durante a maior parte do século passado. Suas conquistas históricas incluem enfrentar o secessionismo quebequense nas décadas de 1960 e 1970, equilibrar o orçamento e restaurar a probidade fiscal na década de 1990, e preparar o país para enfrentar relativamente bem a crise financeira global de 2008. Na verdade, o Partido Liberal dos anos 1990 defendia austeridade fiscal absoluta, imigração moderada (embora o sistema precisasse de reforma), políticas sociais bastante conservadoras e uma ênfase renovada na unidade nacional e nacionalismo suave após a Crise de Quebec de 1995. Os liberais de hoje considerariam tudo isso como perigosamente de direita.

O partido de Justin Trudeau se transformou em algo semelhante a um culto à personalidade. Seus partidários vomitam tanto raiva online que o apresentador da CNN Jake Tapper cunhou o termo Tru-Anon [Nota da Tradução: um trocadilho com o nome de Trudeau e o grupo americano Q-Anon] para descrevê-los. Eles não suportam nem mesmo a crítica mais branda a Trudeau, seja ele dando uma cotovelada no peito de uma parlamentar da oposição, apalpando uma repórter ou usando blackface e cantando a música “Banana Boat” mais vezes do que ele aparentemente consegue se lembrar.

Enquanto isso, o mundo está ciente do ataque cruel de Trudeau aos caminhoneiros que convergiram para Ottawa no início de 2022 para protestar contra as restrições da Covid. A pedido de Trudeau, Freeland invocou o draconiano Emergencies Act [Lei de Emergência] para congelar contas bancárias. Trudeau também denunciou seus críticos, por mais bem-intencionados que fossem, como uma “minoria marginal” com “visões inaceitáveis”.

Mas agora a represa está rachando, e os partidários liberais estão finalmente pedindo a renúncia de Trudeau. Sua taxa de aprovação agora flerta com a de Richard Nixon depois de Watergate. Provavelmente continuará caindo até que ele saia e um novo governo seja eleito.

Quanto mais tempo Trudeau permanecer no poder, mais instável o maior parceiro comercial e aliado mais próximo dos Estados Unidos se tornará. A carta de renúncia de Freeland colocou bem. Agora é a hora, ela disse, de evitar “truques políticos caros, que mal podemos pagar e que fazem os canadenses duvidarem que reconheçamos a gravidade do momento”. Se Trudeau não deixar de lado a vaidade pessoal e liderar o Canadá pela “gravidade do momento”, então ele precisa abrir caminho para alguém que o faça.

Michael Bonner é um especialista canadense em comunicações e políticas públicas com uma década de serviço em governos federais e provinciais, e autor de In Defense of Civilization: How Our Past Can Renew Our Present [Em Defesa da Civilização: Como Nosso Passado Pode Renovar Nosso Presente, sem edição em português].



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