“Eu nunca imaginei que um dia iriam me odiar, iriam me xingar, como fazem agora o tempo todo pela internet” – Gilberto Gil, cantor lulista. São as maravilhas da era digital.
“Olha, o que eu recebo de talismã de todas as religiões, de figas, de orações, então eu acho que sim” – Nísia Trindade, socióloga e ministra da Saúde, respondendo se estaria vacinada contra o “olho gordo”. Viva a ciência!
“O aumento tão grande se deve sobretudo à mudança climática e ao aquecimento global” – Nísia Trindade, sobre surto de mortes por dengue no país. E eu estava quase convencido de que também seria culpa dos memes.
“‘Ainda Estou Aqui’ conta a história da ditadura do ponto de alguém, mas esse alguém não é o povo‘” – Chavoso da USP, sociólogo e youtuber, criticando o filme nacional que concorre ao Oscar. É contado do ponto de vista do cineasta filho de banqueiro, sobre o livro do filho do deputado, estrelando a filha da atriz famosa… e quem reclamar é nepofóbico.
“Todos nós estamos na galáxia” – Notas da Comunidade do X, em notícia do Portal Choquei sobre astronautas que estariam “na galáxia” desde junho de 2024. Alguns estão viajando na maionese à velocidade da luz.
“Uma mulher deve ser tratada como uma flor em sua casa” – Ali Khamenei, aiatolá iraniano. No Irã, a jardinagem feminina é um esporte radical: em casa rega, na rua poda.
“Como a ditadura de Cuba deu um tiro no próprio pé – e pode ver sua economia afundar” – elucidativa coluna de Andrés Oppenheimer, no Estadão. Não pode ser… A pujante e nababesca economia cubana, esse colosso mesoamericano, está em risco?
“Vai demorar um pouco, ou não, para ter novamente uma vereadora mulher preta, sapatão, macumbeira, gorda, com cinquenta tatuagens, defensora do aborto, advogada feminista, maconheira e não-monogâmica” – Laina Crisóstomo, vereadora não-reeleita (PSOL), em seu último discurso na Câmara de Salvador-BA. Parece mais uma profecia apocalíptica Maia do que uma simples despedida.
“Sim, há como resgatar o país: precisamos eleger parlamentares sérios e comprometidos para presidirem a Câmara e o Senado” – Soraya Thronicke, senadora (PODE-MS). Fica implícito que, em nobre gesto de solidariedade à nação, ela não irá concorrer ao cargo.
Vida bandida
“O Natal de 2004 foi o último em paz. Lá se vão 20 anos em que meu pai e nossa família convivem com a dor e o sofrimento de processos, condenações e prisões” – Zeca Dirceu, deputado federal (PT-PR), comemorando extinção de processos contra seu pai, José Dirceu. E ainda há quem diga que esse estilo de vida não compensa, né, deputado?
“É preciso mais do que discurso para conter a barbárie da PM paulista” – José Dirceu, em coluna na Folha de S.Paulo. Semana que vem, não percam na Folha: Elize Matsunaga revela sua receita exclusiva de picadinho.
“Convenhamos, não quero ousar discutir sobre crime com José Dirceu; ele tem PhD nisso” – Mário Frias, ex-secretário da Cultura. Dizem que ele até fez especialização em Cuba e foi professor visitante na Universidade da Papuda.
O golpe está aí…
“Braga Netto enjaulado… Constantino com câncer… O Bolsonarismo é uma maldição! É uma lepra! Encostou? Vai apodrecer e cair” – Abraham Weintraub, mestre “imprecionista“. O ex-ministro da Educação caiu em um ostracismo tão profundo que só é lembrado quando profere frases abjetas. Pronto. Agora pode voltar para o lugar de onde veio.
“Eu sou uma parlamentar séria, não vou ficar perdendo meu tempo com palhaçada” – Bia Kicis, deputada federal (PL-DF), sobre o “inquérito do golpe”. Uma deputada que não perde tempo com palhaçadas é uma verdadeira traidora da classe.
“Alô, alô, Polícia Federal, vale a pena ouvir o Hamilton [Mourão], rapaz corajoso, com muito amor e informações pra dar” – Marcelo Tas, apresentador de TV, denunciando o ex-vice-presidente por envolvimento em suposto plano para golpe de estado. É como se a fofoqueira da Praça É Nossa tivesse um filho com Joaquim Silvério dos Reis.
“Sou do agro e não dei dinheiro para nenhum golpista. Prezo a democracia, acima das ideologias” – Xico Graziano, ex-deputado federal. Ele é daquele agro que faz hortinha hidropônica, solta pipa no ventilador e joga bola de gude no carpete.
“O programa com mais estrelas da TV brasileira. Não que isso queira dizer alguma coisa. O general tinha quatro estrelas e foi preso do mesmo jeito” – Paulo Vieira, ator, durante apresentação do Prêmio Melhores do Ano, na Globo. Quando a chapa é branca, o sorriso fica amarelo.
A Semana do Presidente
“Simboliza o nordestino pobre, preto” – Jessé Souza, sociólogo, sobre as razões por trás do suposto ódio da população a Lula e ao PT. Parece teaser de uma série da Netflix sobre o Lula, dirigida pelo Wagner Moura.
“É esdrúxulo que um presidente da República que está na UTI continue ocupando o cargo” – Eliane Cantanhêde, jornalista. Ora, considerando que a economia já estava no leito ao lado, nada mais apropriado.
“Eu acho que ele [Braga Netto] tem todo o direito à presunção de inocência. O que eu não tive” – Lula. Todo Lula é inocente, mesmo que se prove o contrário.
Cantinho do pretório excelso
“STF lança ferramenta de inteligência artificial [para] ajudar no resumo de votos e relatórios de processos da corte” – anúncio do Supremo Tribunal Federal (STF). Posso estar enganado, mas não foi por causa disso que as máquinas se rebelaram no primeiro “Exterminador do Futuro”?
“Eu tenho muita preocupação de conceder excessivo poder censório, seja a agentes públicos, seja a agentes privados” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF, em mais uma de suas raras entrevistas que acontecem o tempo todo. Fiquem tranquilos, ele só quer garantir que a censura seja na medida certa.
“Criar meu website, fazer minha homepage, com quantos gigabytes se faz uma jangada e um barco que… que… que veleje”
Dias Toffoli, entoando música de Gilberto Gil, durante julgamento do Marco Civil da Internet. É, a censura talvez tenha seus benefícios. E a surdez também.
O dólar na escala 6×1
“Taí o dólar a R$6,16, boa sorte pra você que tem a missão de explicar” – Daniela Lima, evocando Míriam Leitão na GloboNews. Explicar é fácil, difícil é o dólar cair.
“Houve um tempo que a gente chamava isso de ataque especulativo, porque não tem nenhuma relação com os fatos” – Míriam Leitão, embasbacada com a alta do dólar. Nenhuma relação com fatos, Dona Míriam? Nenhuminha? Nadica de nada?
“Ataque especulativo não representa bem como o movimento está acontecendo no mercado hoje” – Gabriel Galípolo, diretor do Banco Central, indicado à presidência do órgão pelo PT. Parece que alguém andou faltando às aulas de media training.
“Não tem esse fim de mundo que o mercado está vendo. O mercado, quando ele está num momento onde ele tem o objetivo de elevar o dólar, não tem muita explicação” – Míriam Leitão. É verdade, não tem “muita” explicação, tem uma só. Mas essa você não pode dar.
“Se a Míriam também não está entendendo, eu estou tranquila” – Daniela Lima. No dia em que a Míriam começar a entender alguma coisa, aí é que devemos nos preocupar.
“Está tudo sob controle. Só não sabemos de quem” – Daniela Lima, lendo mensagem de Whatsapp recebida de membro do governo. Ué, mudaram a direção da SECOM de novo?
“Celular na mão não é jornalismo” – Lygia Maria, jornalista. Celular na mão, imparcialidade no chão.
“Vamos ser adultos? Vamos falar sério?” – Raquel Landim, jornalista, sobre alegação de que memes estariam por trás da alta do dólar. Tia Raquel, assim você faz as meninas chorarem.
“Quem tiver especulando com o dólar vai perder” – José Guimarães, líder do governo na Câmara (PT-CE). Exceto, claro, aqueles que preferem guardar seus dólares na cueca. Lá o investimento parece seguro.
“O BC já queimou cerca de 8 bilhões de dólares e o dólar continua subindo. Lula, Haddad vamos centralizar o câmbio e acabar com esta farra?” – Roberto Requião, ex-governador do Paraná. Por que parar por aí? Vamos imprimir nossos próprios dólares e resolver todos os nossos problemas.
“Abri inquérito contra a chamada ‘Faria Lima’, a fim de identificar quem são os responsáveis pela manipulação do câmbio” – Zeca Dirceu. Aproveite e investigue também a Avenida Rebouças, por formação de esquina.
“O Brasil não aguenta mais dois anos de Lula” – manchete da revista Forbes. O que o Brasil aguenta sorrindo, os gringos não aguentam chorando.
“Eu fico com a sensação de um filme de terror do Freddy Krueger, você acha que ele [Congresso] morreu, e ele aparece com tudo e aterroriza todo mundo. Vem o Supremo e ‘pau’ no Freddy Krueger, e o que acontece? Ele rapidamente se fortalece e aparece” – Natuza Nery, apresentadora de TV. Ela parece realmente frustrada que o STF ainda não conseguiu enterrar o Poder Legislativo de vez.
“A indústria da fake news está trabalhando para a alta do dólar. A internet não é terra sem lei e quem comete crimes contra o Brasil não ficará impune!” – Paulo Pimenta, o ‘Montanha’ da lista da Odebrecht e ministro das Comunicações. Impunidade, só para os crimes à moda antiga.
“Calma que a reforma tributária ainda não acabou!” – Leonardo Sakamoto, blogueiro. Contrariando o Tiririca, pior do que está, fica.
“Em 2025 o povo vai colher o que ele plantou até agora” – Lula. Vem aí, A Colheita Maldita – Parte 3.
Sem comentários
“Primeiro dia de CLT aqui no SBT” – Pablo Marçal, (ex-)coach, insinuando sua contratação pela emissora paulista.
“Pablo Marçal não foi contratado pela emissora” – SBT, desmentindo Marçal.
“Uma falha minha vai ser muito mais passada para frente do que uma falha de um goleiro branco” – Hugo Souza, goleiro do Corinthians.
“Os caras me zoam do mundial faz 25 anos… deixa de conversa Hugo” – Marcos, goleiro campeão da Copa de 2002.
Cantinho da indignação seletiva
“Para [Paulo] Guedes o sofrimento do povo não significa nada. Por ele o dólar pode chegar a R$5, R$6, R$7… porque assim o pobre não vai para Disney” – Zeca Dirceu, em março de 2020. Por que ir à Disney se podemos nos divertir com o Pateta aqui mesmo?
“Bolsonaro bateu outro recorde! Dólar a 4,20 não é nem para poucos, é só para o atual presidente da República! É a maior cotação da História do real. Que proeza! Parabéns aos envolvidos!” – Randolfe Rodrigues, senador (PT-AP), em novembro de 2019. Muito humilde o senador em permanecer calado agora, já que elogio em boca própria é vitupério.
“Prometeram que bastava tirar o PT pro dólar cair. Hoje, chegou a R$ 4,61. Onde estão os críticos do PT nessa hora?” – Gleisi Hoffmann, em março de 2020. Oi, Gleisi.
“Calma que bolsominions têm explicação pro dólar chegar a R$ 4,21, maior cotação da história: é porque o Lula tá solto. Se Lula estivesse na cadeia o dólar já estaria menos de 3” – Érika Hilton, membro da Câmara dos Deputados (PT-SP), em novembro de 2019. Correlação não implica causalidade, mas toda regra tem sua exceção.
“Na Corrida Maluca do governo quem perde é o povo. Quem chegará primeiro no valor de 6 reais? A gasolina ou o dólar? Saudades do PT!” – perfil do PT, em fevereiro de 2021. E, mais uma vez, Dick Vigarista comemorou cedo demais e viu seu carro derrapar na curva do dólar!
Memória
“Se vocês botarem um pinguço para dirigir o Brasil, um cara que tem um rastro de corrupção, vocês acham que vai dar certo?” – Jair Bolsonaro, em outubro de 2022. Se pelo menos o câmbio fosse automático…
Ari Fusevick é brasileiro não-praticante, escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira”.