Um ano depois de assumir o trono de Pedro, Pio 12 recebeu em seu gabinete o chefe da diplomacia nazista, Joachim von Ribbentrop. Naquele dia, o alemão se queixou da atitude do pontífice e o acusou de estar tomando o lado dos Aliados. Pio 12 respondeu lendo uma longa lista de crimes cometidos pelos nazistas.
Pessoas fiéis ao papa garantem que, ao longo dos anos, ele repassou informações aos governos aliados sobre o que seus bispos e cardeais informavam sobre os territórios ocupados pelos nazistas.
Mas, entre os Aliados, as queixas eram de que ele não havia sido explícito em condenar Hitler. Alas importantes de historiadores e vaticanistas também sustentam que o silêncio do Vaticano —ou pelo menos sua hesitação— diante do Holocausto é uma das manchas mais complicadas na história recente do cristianismo.
Oitenta anos depois, o debate sobre o silêncio e a cumplicidade diante de crimes volta a atormentar as lideranças mundiais. Muitas delas não perderam a ocasião de estar na inauguração da nova Catedral de Notre-Dame. Mas, ao mesmo tempo, mantiveram um silêncio atroz diante da destruição de igrejas históricas no território palestino.
O silêncio também foi denunciado pelo reverendo Munther Isaac, em Belém, o berço de Jesus. “O mundo não nos vê como iguais. Estamos atormentados pelo silêncio do mundo”, disse.
Para ele, Gaza é hoje o “compasso moral da humanidade”. “Se nosso cristianismo não está escandalizado com o que ocorre, há algo de errado com nossos valores cristãos”, alertou.