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Previdência privada tenta atrair jovens inseguros com aposentadoria

Popular entre os que buscam complementar a aposentadoria, a previdência privada tenta cada vez mais se aproximar do público jovem. Instituições como Brasilprev, Itaú e Bradesco Vida e Seguros desenvolveram planos com o objetivo de incentivar investidores a aplicarem cedo.

Não existe consenso sobre quando começar a investir na previdência privada, e nem uma idade mínima para tal, mas as iniciativas seguem a máxima de que quanto mais cedo, melhor. O prazo para investir em previdência privada do tipo PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e reduzir o Imposto de Renda no ano que vem se encerra no final deste mês. A data final varia conforme a instituição.

Segundo Estevão Scripilliti, diretor da Bradesco Vida e Previdência, quanto mais jovem for o investidor, menor será o esforço para alcançar uma boa reserva. “Além de aproveitar o efeito dos juros compostos ao longo do tempo, os aportes poderão ser mais baixos”, diz.

Para ele, a idade certa para começar a pensar em aposentadoria é próximo dos 30 anos, quando o investidor conquista empregos e renda mais estáveis. Dados do Bradesco revelam que a participação dos jovens em planos de previdência é de cerca de 11%.

Para Rogério Calábria, Superintendente de Produtos de Investimento e Previdência do Itaú Unibanco, a previdência é ideal para os que pensam a longo prazo. Por exemplo, pais que querem montar uma reserva para filhos estudarem ou comprarem uma casa.

O principal público da aplicação no Itaú está na faixa entre 30 e 50 anos. O interesse de pessoas com idades a partir de 60 anos tem crescido, principalmente para fins de sucessão patrimonial.

O recomendado pelo banco é que clientes interessados na previdência privada sigam a “regra 1-3-6-9”. No modelo, o investidor entre 35 e 65 anos cria reservas específicas, maiores ou menores, de acordo com sua idade.

Por essa regra, aos 35 anos, o investidor deveria ter uma reserva financeira equivalente a um ano de renda mensal na previdência; aos 45, três anos de renda mensal; aos 55, seis anos de renda mensal; e aos 65, nove anos de renda mensal.

Apesar de não ser o principal público do banco, Calábria identifica uma mudança de mentalidade nos mais jovens. “Esta geração tem tido contato com familiares em idades cada vez mais avançadas. Eles passam a ter consciência de que é necessário planejar a aposentadoria”, afirma.

Para Scripilliti, do Bradesco, o interesse pela previdência também é reflexo do envelhecimento do Brasil. Idosos devem ser maior parcela da população em 2070, com quase 4 de cada 10 brasileiros, segundo projeções do IBGE.

“Corremos contra o tempo. Restam algumas décadas com a condição demográfica ainda favorável para direcionar os sistemas educacionais, financeiros e de saúde, para lidar com o envelhecimento. A Previdência Social deve sofrer reformas e isso vai exigir planejamento do brasileiro”, afirma.

Segundo Carlos Castro, planejador financeiro e CEO da SuperRico, a confiança na previdência privada tem crescido. “O mercado tem aderido [à previdência] pelas facilidades. A carteira pode ser bem diversa, com renda fixa e variável, além de oferecer isenções fiscais e liquidez no planejamento sucessório.”

Jovens são os que menos investem, diz pesquisa

Os jovens, entretanto, têm dificuldades para dedicar uma parte da renda aos investimentos. Números da 7ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, pesquisa anual da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em parceria com o Datafolha, divulgada em abril de 2024, mostram que a faixa etária entre 16 e 27 anos é a que menos investe entre os brasileiros, com 34%.

A pesquisa ouviu 5.814 pessoas presencialmente entre os dias 6 e 24 de novembro de 2023. O levantamento entrevistou pessoas com 16 anos ou mais, das cinco regiões do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) e das classes A, B, C, D e E. O nível de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro é de um ponto percentual, para mais ou para menos.

Além disso, é comum que pessoas entre 15 e 29 anos ocupem cargos com remuneração menor, o que afeta a capacidade de terem reservas ou investimentos.

Segundo estudo do FGV Ibre, com base em dados do 1º trimestre de 2024 da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o salário médio para essa faixa etária foi de R$ 1.726, enquanto o da população total ocupada foi de R$ 3.123.

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