Choveu tudo o que são Pedro quis que chovesse, e até o gramado sintético ficou impraticável.
Como os paulistas já estão acostumados, tome adiamento do começo do jogo, tal qual, só com o Corinthians, já tinha acontecido contra o São Paulo e a Ponte Preta.
O que não impediu o Palmeiras de sufocar o rival durante todo o primeiro tempo, embora com atroz dificuldade em fazer gol.
Fez um ainda antes do décimo minuto e nada mais, submetido a três avanços corintianos, um dos quais terminado no empate por 1 a 1 que perduraria até o fim na casa verde.
No segundo tempo, a história se repetiu como farsa, pois Yuri Alberto deixou o time dele na mão, e Estêvão se perdeu na de Hugo Souza, tão pegador de pênaltis como Cássio.
Disso já se sabia, e a revelação maior do Dérbi esteve na incapacidade alviverde de machucar o rival.
Mesmo dominante, o Palmeiras não foi capaz de fazer nada além de um gol, porque bola na trave não altera o placar e pênalti roubado não entra.
Do lado alvinegro, deu-se o segundo bom resultado seguido graças ao acaso, demonstração de que, talvez, os ares tenham mesmo mudado dentro de campo.
Porque tanto a vitória com o time C sobre o Novorizontino quanto o empate no clássico, ambos fora de casa, foram mais achados que conquistados, com más atuações individuais e pouco conjunto, situação agravada pela ausência ainda do cérebro do time, o argentino Rodrigo Garro.
Ao Palmeiras, mais que um centroavante, anda em falta a tal da eficácia que transforma domínio em resultado.
O Planeta Bola está cansado de ver times sem o camisa 9 de ofício ganhar jogos e campeonatos —e não é de hoje, haja vista a seleção brasileira tricampeã mundial em 1970 com Tostāo, além do próprio Palmeiras, cuja segunda Academia teve em Leivinha, meia de raro talento, brilhante solução para a suspensão de César Maluco.
Do lado dos treinadores, o clássico mais renhido entre os paulistas nada revelou.
Abel Ferreira continua mal nas entrevistas para explicar resultados insatisfatórios.
Botar na conta da arbitragem o empate em casa contra o rival acuado, e com dez jogadores na maior parte do segundo tempo, desonra sua indiscutível capacidade.
Além do mais, a invasão na cobrança do pênalti, que disse ter visto na televisão dele, só foi vista nela.
Já Ramón Díaz continua na milonga do estar “contento”, embora o time continue descontentando o fiel minimamente exigente.
É verdade que ambos dirigem equipes em começo de temporada —e que o nível de cobrança deveria ser o de torneios de verão, não o das jornadas em alto-mar.
Campeonatos estaduais são traiçoeiros.
Valem mesmo na hora dos clássicos e das decisões.
Neymarmota
Impossível saber quanto tempo mais durará o inverno de Neymar.
Os 45 minutos disputados na reestreia permitem olhar otimista. Mesmo caçado sem trégua, ele mostrou o talento que ninguém lhe nega.
Não fosse o goleiro estraga-prazeres do Botinha, João Carlos, Neymar teria marcado golaço de deixar os sauditas com um camelo atrás da orelha.
O comportamento tóxico com parças da qualidade de Pablo Marçal e Nikolas Ferreira, para não falar do velho da Havan, porém, desanima.
Sua falta de noção é pandêmica e disruptiva.
Mano Brown e Supla devem estar arrependidos.