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A conspiração Usaid: Trump, Musk e as eleições de 2022

Na última segunda-feira (3), Elon Musk, que conduz o Departamento de Eficiência Governamental (Doge) na gestão Trump, anunciou que pretende fechar a Usaid, a principal agência do governo americano responsável por administrar programas de ajuda e desenvolvimento internacional.

O presidente Donald Trump ordenou o congelamento de pagamentos e a suspensão massiva de funcionários, resultando no fechamento do site da Usaid e na tentativa de integrá-la ao Departamento de Estado.

Esse evento rapidamente se transformou em tema central de discussão no ecossistema de mensagens da direita bolsonarista brasileira, onde mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram monitorados pela plataforma Palver vêm intensificando uma narrativa que associa a Usaid a uma suposta interferência com intenções golpistas nos rumos políticos do Brasil.

De acordo com essa narrativa, a agência estaria envolvida em manobras para influenciar decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e até mesmo para silenciar vozes críticas por meio da censura em redes sociais e aplicativos de mensagens.

Essa narrativa sustenta que a Usaid desvia recursos dos impostos dos Estados Unidos para financiar operações de influência e censura que favorecem determinados interesses políticos.

Assim, os defensores dessa tese afirmam que, se a agência não estivesse “financiando” tais redes, o resultado das urnas seria outro e o presidente Jair Bolsonaro, retratado como vítima de interferência externa, teria se mantido no poder.

É possível detectar uma ampla disseminação através de mensagens de uma fala de Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado do primeiro governo Trump. Sua fala é utilizada como prova central dessa interferência, afirmando que, “se a Usaid não existisse, Bolsonaro ainda seria presidente”.

O Supremo Tribunal Federal (STF) e o TSE são acusados de adotar decisões que, em conluio com a Usaid, contribuíram para silenciar os apoiadores de Bolsonaro, enquanto Alexandre de Moraes é descrito como um instrumento desse aparato, apoiado por agentes ligados à agência.

A suposta rede de influência se estende também a figuras internacionais como George Soros, apontado como o grande financiador por trás de uma rede de ONGs que colaboram com a Usaid para promover uma agenda globalista, e a Bill Gates, cuja fundação é citada como uma fonte de apoio a projetos controversos alinhados a essa suposta política de censura.

O governo Biden é acusado de manter e financiar instituições que facilitam essa interferência externa, em oposição às iniciativas de Trump e Musk. Victoria Nuland, por sua vez, é citada como peça chave que teria participado de intervenções em governos estrangeiros, “escolhendo” novos gabinetes antes mesmo de derrubar os antigos.

Essa articulação retórica é reforçada por uma linguagem intensamente emotiva, com termos agressivos como “verme” e “golpe dos golpes”, que dividem o debate político em dois campos antagônicos: “nós”, os patriotas defensores da soberania, e “eles”, os supostos agentes de uma conspiração global.

A repetição incessante de links e referências a vídeos e artigos –na maioria das vezes sem verificação– contribui para uma polarização que fragiliza o debate público, misturando informações distorcidas a críticas legítimas sobre a influência estrangeira na política.

Ao refletir sobre essas acusações, é fundamental lembrar que a narrativa que coloca a Usaid como a grande vilã da interferência política e da censura é, antes de tudo, uma adaptação de teorias conspiratórias antigas, agora recontextualizadas para se adequar ao discurso da extrema direita.

Em um momento em que a confiança nas instituições é essencial para a consolidação da democracia, o debate público deve se fundamentar em evidências verificáveis, e não em retóricas alarmistas que apenas ampliam a polarização.

Afinal, a verdadeira soberania não se conquista com teorias conspiratórias, mas com o fortalecimento das instituições e do espírito democrático.

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