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Entenda quando a reposição de testosterona é indicada para mulheres

Você já pode ter visto algumas pessoas mostrarem sua rotina de reposição de testosterona na internet. No ano passado, a cantora e ex-BBB Juliette, 35, se envolveu em comentários polêmicos ao mostrar a aplicação de um creme manipulado nos pulsos. Ela explicou aos seus seguidores que estava fazendo acompanhamento médico, mas levantou a questão de quando e para quem é indicada a reposição do hormônio.

A testosterona, ou os andrógenos no geral, são hormônios comumente associados à natureza masculina, mas também está presente no corpo das mulheres. Ela pode desempenhar funções importantes, como influenciar na função dos ovários, no desejo sexual, no metabolismo e até na cognição.

Esse hormônio é naturalmente baixo no organismo feminino, e vai diminuindo lenta e progressivamente ao longo da vida. Tayane Fighera, coordenadora do departamento de endocrinologia feminina, andrologia e transgeneridade da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) explica que as mulheres têm cerca de 10% da quantidade de testosterona de um homem. “Então, quando a gente vai fazer uma dosagem de testosterona na mulher, é esperado que ela seja muito baixa.”

A médica afirma que os testes de testosterona disponíveis nos laboratórios hoje foram feitos exclusivamente para a testagem em homens e não é sensível o suficiente para detectar os níveis presentes nas mulheres. Por isso, não existe um valor de referência para a testosterona feminina. “A gente vai dosar a testosterona quando a gente suspeitar que essa mulher tem excesso de testosterona, não falta”, diz.

O médico Edmund Baracat, professor titular do departamento de ginecologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) indica que o ideal para dosar testosterona em mulheres é um exame chamado espectrometria de massa, que identifica compostos bioquímicos. “Mas são poucos os laboratórios que fazem. Então, em geral a gente não dosa”.

Como saber se há a necessidade de reposição?

A endocrinologista Tayane Fighera afirma que o diagnóstico de deficiência de testosterona hoje é clínico e vem associado aos sintomas e desejo sexual hipoativo, ou seja, muito baixo ou inexistente. “É um diagnóstico complexo, de preferência realizado por uma equipe multidisciplinar, depois de excluir outras possíveis causas.”

A médica reitera que, para receber o diagnóstico, as mulheres precisam estar na fase da pós-menopausa e já estarem fazendo terapia com estrogênio e progesterona. “Para mulheres jovens que ainda não chegaram no climatério ou na menopausa não tem indicação. A gente não tem uma indicação clara de benefício com o uso da testosterona.”

Para Baracat, tem um outro grupo de mulheres que podem receber o diagnóstico e fazer o tratamento, que são as com insuficiência ovariana prematura —menopausa precoce— com desejo sexual hipoativo, cansaço e depressão. O tratamento é feito “em doses pequenas, fisiológicas, sob a forma de gel. E por um curto período de tempo”, diz.

Riscos e benefícios

A testosterona presente naturalmente no organismo feminino pode melhor a massa muscular, o humor, o bem-estar e a libido. “Só que na prática, nos estudos, a gente não encontra essa associação. Não existem pesquisas que atestem que a reposição de testosterona de forma indiscriminada vá melhorar os sintomas”, aponta Fighera.

Além disso, a médica diz que não se tem no mercado uma formulação que seja padronizada e segura para o uso, fazendo com que se fique à mercê dos medicamentos manipulados e dificulte o controle dos resultados e reações.

O ginecologista Edmund Baracat indica que os riscos e efeitos colaterais envolvem o engrossamento da voz, o aumento excessivo de pelos, queda capilar, a hipertrofia do clitóris, acne e oleosidade na pele. “Pode aumentar o risco de doença cardiovascular, aumento de colesterol ruim, e toxicidade hepática”, conclui.

Fighera reforça que o objetivo não é demonizar o uso do hormônio, mas sim o uso de forma inadvertida. A Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), em parceria com a Abeso (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade Síndrome Metabólica) e a SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte), desenvolveu uma plataforma digital chamada Vigicom, com o objetivo de coletar dados referentes aos efeitos adversos do uso inadvertido de hormônios.

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