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Extremista promete ‘reimigração’ em convenção partidária na Alemanha

Milhares de manifestantes invadiram a pequena Riesa, perto de Dresden, neste sábado (11), para tentar atrapalhar a convenção que confirmaria a primeira candidata da extrema direita na Alemanha ao cargo de primeiro-ministro. Mesmo fazendo a população da cidade crescer em um terço, o protesto foi capaz apenas de atrasar em duas horas a indicação de Alice Weidel para encabeçar a campanha da AfD nas eleições de 23 de fevereiro.

Weidel, 45, líder da sigla rotulada pelos serviços de segurança do país como extremista, não negou o rótulo desta vez. Trocando afagos com Elon Musk em um telão, prometeu deportações em massa na Alemanha se for eleita. “Se chamam de ‘reimigração’, então será ‘reimigração’”, declarou a parlamentar em discurso, depois de ser escolhida por aclamação para concorrer ao cargo de premiê. É a primeira vez que a AfD, fundada em 2013, tem um nome para o cargo máximo do Executivo alemão.

Ao menos dez mil manifestantes, segundo estimativa da polícia, tomaram as ruas de Riesa, que tem uma população inferior a 30 mil habitantes, para tentar impedir a realização do evento. Bloqueios em estradas começaram a ser montados nas primeiras horas da manhã. Grupos de esquerda e de movimentos antifascistas de todo o país se dirigiram para a região, na Saxônia, estado da antiga Alemanha Oriental e berço político da AfD.

Vários delegados do partido não conseguiram chegar à convenção a tempo de ouvir o discurso de Weidel. Perderam frases como “as fronteiras da Alemanha serão fechadas” e “abaixo esses moinhos de vento da vergonha”, referência a turbinas eólicas, que prometeu derrubar. “Todas.”

Forças de segurança temiam o encontro dos manifestantes com grupos de extremistas de direita e neonazistas, que também afluíram à cidade. Em um dos protestos, um deputado estadual foi agredido por um policial e acabou sendo hospitalizado. Nam Duy Nguyen, do Partido Esquerda, usava um colete com sua identificação parlamentar. Um porta-voz da polícia de Dresden diz que uma investigação foi aberta para apurar o incidente e pediu desculpas pelo ocorrido.

Weidel, logo depois da aclamação, agradeceu Musk pelo apoio e pela transmissão ao vivo da conferência em seu canal no X. O bilionário empreende uma ofensiva populista na Europa e preocupa líderes do continente. Minimizando a presença em Riesa dos “nazistas pintados de vermelho”, a líder da AfD preferiu dirigir as maiores críticas à CDU, o partido conservador de Friedrich Merz, que persegue de longe segundo as pesquisas de opinião.

Como já havia feito na live organizada por Musk na quinta-feira (9), a parlamentar voltou a afirmar que Angela Merkel, também da CDU, colocou a Alemanha no “caminho errado”. Prometeu reverter a política imigratória e os subsídios para a política ambiental, bandeira que a AfD também adotou, a exemplo de boa parte dos populistas europeus. Exploram um sentimento generalizado de que a transição energética é elitista e causa prejuízo aos mais pobres.

Diante de seu público, no entanto, foi mais enfática na questão da imigração, usando o termo “reimigração” que há meses vinha evitando. O eufemismo para deportação em massa, proibido pelas legislações alemã e da União Europeia, vem se naturalizando no discurso político. Donald Trump abusou do termo em sua campanha para voltar à Casa Branca, nos EUA; na Áustria, a política está descrita no programa de governo de Herbert Kickl, líder do Partido da Liberdade, o mais votado nas últimas eleições.

Enquanto a pancadaria tomava as ruas de Riesa, um sábado bem mais morno transcorria em Berlim, onde a convenção do SPD, de Olaf Scholz, confirmava o nome do primeiro-ministro para concorrer à reeleição em fevereiro. Nas últimas pesquisas, o partido do social-democrata foi pela primeira vez ultrapassado numericamente pelos Verdes. Habitam ambos a faixa dos 15%; a AfD de Weidel tem na média 21%, e a CDU, 30%.

A despeito dos levantamentos e das pesadas críticas da opinião pública e da imprensa alemã, que o percebem como responsável pela atual crise política e econômica do país, Scholz mantém as esperanças de se manter no cargo. “Nós venceremos.”

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