“Brasil ataca a santa padroeira do meio ambiente” – manchete da The Economist, defendendo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Santa Marina do Pau Oco, padroeira dos ongueiros piromaníacos, protegei nossas queimadas de todo mal e abençoai nosso desmatamento de cada dia. Amém.
“Urgimos que os EUA cessem imediatamente a perseguição contra os cidadãos venezuelanos naquele país” – Nicolás Maduro, ditador da Venezuela, em carta a Donald Trump. Como em toda potência sul-americana que se preze, perseguir seus cidadãos é uma questão de soberania nacional na Venezuela.
“O que explica a popularização das bolsas femininas de grife entre os homens?” – pergunta a revista Veja. Simples: o macho moderno precisa de um lugar para guardar a carteira, o celular, o batom e uma meia-calça reserva.
“Tenho certeza de que houve compra de votos e uso do poder econômico no PED do Rio de Janeiro” – Olavo Brandão Carneiro, secretário do PT fluminense, denunciando fraudes em eleição interna do partido. Ufa! Em tempos de crise de credibilidade, pelo menos uma instituição continua fiel às suas tradições.
“Esse discurso é ruim pra elite. O maior medo da elite é que o pobre acorde” – Felipe Neto, enxadrista, criticando o “nós contra eles” que ele mesmo insufla. Já o maior medo do pobre é acordar tarde, perder o ônibus e chegar atrasado no trabalho – onde dá duro para pagar impostos e sustentar o subsídio de youtuber alinhado.
“Uma revisão sistemática não revelou nenhuma ‘lista de clientes’ incriminadora” – Departamento de Justiça dos EUA, sobre as provas do caso Jeffrey Epstein, que envolveria a participação de políticos e celebridades em tráfico sexual e outros crimes da pesada. A tal lista, pelo jeito, estava na mesma gaveta onde guardaram os contratos do tríplex e as fitas das câmeras de 8 de janeiro.
“Qual é a sua ditadura favorita? A do STF prevê até dois anos de idas e vindas no tribunal. A dos militares era rápida, só tinha as idas a um porão” – Ruy Castro, escritor, em coluna na Folha de S. Paulo. A ditadura ficou mais lenta, mais cara e mais burocrática. E a torcida ainda mais fiel.
“Adolf Hitler, sem dúvida. Ele identificaria os sinais e resolveria de uma vez por todas” – Grok, a inteligência artificial do X, sobre quem seria a figura ideal para lidar com o racismo contra pessoas brancas. Alimentaram o algoritmo com o chorume da internet, e agora se espantam que não respondeu Madre Teresa de Calcutá?
“Casal de pinguins do mesmo sexo choca ovo em zoo na Inglaterra” – manchete do UOL. O ovo, coitado, ficou literalmente em estado de choque, sem saber qual dos dois pais realizou a façanha de botá-lo.
Mistérios da Sibéria
“Tudo indica que foi suicídio” – Russia Today, mídia estatal russa, após executivo de companhia de petróleo “cair” da janela do 17º andar. Na Mãe Rússia, é o suicídio que comete você.
“Ex-ministro dos Transportes da Rússia, Roman Starovoit, morreu por suicídio na segunda-feira” – nota do Governo da Rússia, sobre morte de ministro recém-demitido por Putin. Certamente apenas quiseram dar um empurrãozinho para ele mudar de carreira.
Um governo de iluminados
“A posição correta hoje é manter as relações com Israel em níveis mínimos e ser muito severo no acordo de livre comércio” – Celso Amorim, nosso chanceler reborn, após acusar Israel de genocídio, sem provas. O maior problema nem são as relações mínimas com Israel, mas as máximas com China, Irã e Rússia.
“Não é razoável que 1% da população faça esse inferno na internet” – Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Onze pessoas num país de 220 milhões não dá nem 1%… mas matemática nunca foi o forte do Haddad.
“Se tributar rico for esquerda, tenho que me dizer de esquerda” – Simone Tebet, ministra do (sub-)Desenvolvimento. E ao se aliar a um governo que chamava de corrupto, você se declarou o quê?
“Solução para os Correios passa por corte de gastos e aumento de receitas” – Esther Dweck, ministra da Gestão e Inovação. Calma aí, Dona Esther. Que história é essa de “cortar gastos”? Se continuar por esse caminho, daqui a pouco os companheiros do PT vão te chamar de neoliberal pra baixo.
STF in Lisboa
“[Realizaram] uma lavagem cerebral nas pessoas, para querer dizer que o que elas fazem é liberdade de expressão” – Alexandre de Moraes, ministro do Supremo (STF-SP), sobre as redes sociais. E para reverter esta lavagem, o STF trabalha duro promovendo o emporcalhamento cerebral.
“Preconceito contra a livre-iniciativa” – Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo (STF-RJ), magoado com as críticas à sua constante socialização com empresários alvo de ações no STF. É uma livre-iniciativa suprema: livre de escrúpulos, decoro e qualquer vestígio de vergonha na cara.
“O Supremo vai decidir, como decide tudo” – Luís Roberto Barroso, sobre veto do Congresso ao aumento do IOF. Olha que o Gilmar se empolga e resolve decidir o resultado do Brasileirão logo, com a justificativa de evitar disputas futuras.
“Se acontecer tudo que eu estou pensando, este país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes” – Lula, ameaçando cometer mais um mandato. Pelo visto, o roteiro de O Poderoso Chefão IV já está pronto. Só falta o STF parar de dar spoiler.
“É possível alguém em um programa de televisão, em qualquer lugar do mundo, esquartejar uma pessoa ao vivo sem responsabilidade?” – Alexandre de Moraes, firme em sua cruzada pela censura e contra a lógica. Esquartejar uma pessoa ao vivo na TV, de fato, nunca vi. Agora, a Constituição… é todo dia e em horário nobre.
“Nós saímos daqui muito melhores do que chegamos” – Gilmar Mendes, em discurso de fechamento do Gilmarpalooza. Não resta dúvida de que saíram mais ricos.
A Semana do Janjo
“A última declaração de Lula é um escândalo. Temos que começar a pensar urgentemente em um processo de impeachment contra Lula” – Otoni de Paula, deputado federal (MDB-RJ), virando a casaca novamente. Uma indignação tão verdadeira quanto uma nota de três reais. E o pior é que sempre encontra alguém para passar para frente.
“Não esperem que nós homens sejamos os autores das conquistas de vocês” – Lula, em mensagens às mulheres durante discurso durante evento do BRICS, grupo que inclui países notórios pela repressão às mulheres. Finalmente uma promessa que sabemos que ele irá cumprir.
“Quando o Brasil fala pelo Lula, ele é, sim, ouvido. Cala fundo” – Mauro Vieira, aspirante a chanceler, sobre a importância de Lula no mundo. Se cala tão fundo assim, talvez a Janja precise ouvir mais o marido.
“Todos agora somos Fluminense” – Lula, apoiando o clube brasileiro antes da semifinal da Copa do Mundo de Clubes e dando mais sorte que Mick Jagger. Eu achava que o Lula já era Fluminense – se não desde criancinha, pelo menos desde que aprendeu a ganhar no Tapetão.
Robespierre dos Trópicos
“Só guilhotina” – Marcos Dantas, professor da Escola de Comunicação da UFRJ, respondendo a post onde família de Roberto Justus ostentava bolsa infantil de R$14 mil. Se for o caso, é bom deixar claro que era uma ameaça séria, não uma piada – para não correr o risco de ir preso.
“Era para ser, e continua sendo, uma simples metáfora. Peço sinceramente que me desculpe” – Marcos Dantas, em pedido de desculpas a Roberto Justus, após ameaça de processo. A ameaça pode ter sido metafórica, mas a arregada foi bem literal.
“A palavra não é livre para promover a ignorância e a barbárie” – o mesmo Marcos Dantas, em artigo publicado no jornal O Globo, defendendo a censura das redes no mesmo dia em que sugeriu “guilhotina” para menina de 5 anos. É, ele descobriu que a palavra não só não é livre, como ainda passa recibo.
Custo STF
“O Brasil está tratando o ex-presidente Jair Bolsonaro de forma terrível. Acompanharei de perto essa caça às bruxas. Deixem Bolsonaro em paz!” – Donald Trump, em post no X. Sempre diplomático, Trump conseguiu o feito raro de defender Jair Bolsonaro e Carmén Lúcia na mesma sentença.
“O presidente dos EUA deveria cuidar dos seus próprios problemas” – Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais. Como o presidente do Brasil anda mais preocupado com os problemas da Argentina e do Peru, Trump resolveu dar uma forcinha em casa.
“Quem tem medo do lobo mau?” – Celso Amorim, em indireta a Trump. Geralmente, é quem costuma se vestir de vermelho…
“Esse país tem Lei, e tem um dono chamado ‘povo brasileiro’” – Lula, respondendo a Trump. Ao ouvir que o dono do Brasil é esse tal “povo”, o STF imediatamente pediu a matrícula do imóvel e já cogita entrar com ação de usucapião.
“Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (amplamente ilustrados pelo STF), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50%” – Donald Trump. Sempre soube que o Judiciário brasileiro era o mais caro do mundo, mas isso já está ficando ridículo.
“Cadê meus vira-latas?”
Janja Lula da Silva disse a jornalistas que questionavam Lula sobre tarifaço de Trump. Corretíssima a primeira-dama. Diante de uma crise diplomática sem precedentes, o mais prudente é se apegar à família e aos amigos mais fiéis.
“Trump está mal-informado sobre Bolsonaro” – Geraldo Alckmin, em uma análise profunda e balanceada da crise com os EUA. E quando topou voltar à cena do crime, ou se reunir com terroristas no Irã, o senhor estava bem-informado?
“A carta do presidente dos EUA apenas confirma o sucesso na transmissão daquilo que viemos apresentando com seriedade e responsabilidade” – Nota conjunta de Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado (PL-SP) e Paulo Figueiredo, ex-comentarista da Jovem Pan. Não víamos uma transmissão fazer tanto sucesso desde a variante Ômicron.
“Após taxação de Trump, Cacique Cobra Coral anuncia suspensão de ‘assistência climática’ aos EUA” – manchete d’O Globo, anunciando importante sanção imposta por entidade da macumba. Parece mais um trabalho da Janja, que segue despachando lá do Planalto.
“Quem poderia esperar uma coisa dessa? Eu não me lembro de uma agressão estrangeira tão grande ao Brasil” – Lindbergh Faria, líder do PT na Câmara. A única agressão multibilionária que me vem à mente contra os brasileiros foi o Petrolão – mas essa, ao menos, foi 100% caseira.
“Barroso liga para Lula após tarifaço de Trump e combina estratégia de reação” – manchete da Revista ISTOÉ. Mantendo, de forma bem republicana, a independência do Poder Judicutivo.
“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e não está sujeito a nenhum tipo de ingerência que fira a independência das instituições” – Lula, em longo discurso após anúncio de tarifas por Trump. Isso foi antes ou depois da ligação do Barroso para combinar a resposta?
“Não nos curvaremos ao imperialismo e intervencionismo norte-americano” – anúncio oficial do Foro de São Paulo, entidade que reúne partidos de extrema-esquerda na América Latina e teoricamente não existe. É… fica difícil se curvar aos EUA quando já se está de joelhos pra China.
“Se ele cobrar 50 de nós, vamos cobrar 50 deles” – Lula, prometendo “reciprocidade” a Trump. “Se o elefante pisar em mim, eu piso nele de volta” – disse o anão diplomático.
“O que se escreve no Brasil hoje é um verdadeiro capítulo inédito na história da resistência democrática” – Gilmar Mendes. Resistência democrática, nesse caso, é resistência “à” democracia.
“Aqui é BR, não é Disney” – perfil oficial do Partido dos trabalhadores (PT), em post com mensagem idêntica à usada por facções criminosas do Rio de Janeiro. Em comum, em ambos a estrela do show é um rato que vive às turras com o Donald.
Memória
“Só guilhotina. E não é metáfora” – Marcos Dantas, em comentário de dezembro de 2019. Ou seja, não foi literalmente uma metáfora. Metaforicamente falando.
“Está na minha mesa neste momento, aguardando revisão” – Pam Bondi, procuradora-geral dos EUA, ao ser perguntada sobre a lista de clientes de Jeffrey Epstein em fevereiro deste ano. E o mundo aguardando o fim da revisão. A aposta é em qual dos dois vai terminar primeiro.
Ari Fusevick é brasileiro não-praticante. Escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira“.
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