“Ao menos do ponto de vista econômico, a ordem global está mais defendida pela China do que pelos EUA” – Joel Pinheiro, blogueiro extremo-isento. Joel é sempre cirúrgico em suas análises. Uma pena que a sua especialidade seja a lobotomia.
“Por isso que eu não confio em ninguém com traços europeus” – Omar Monteiro, empresário carioca, criticando influenciadora conservadora catarinense que recebeu auxílio emergencial. O sobrenome “Monteiro”, para quem não sabe, é de origem tupi-guarani e se popularizou ao ser adotado pela dinastia do Sultão de Madureira.
“Os pontos de atenção que poderiam dar o alarme para o Ministério foram propositalmente neutralizados [a partir de 2023]” – Wolney Queiroz, ministro da Previdência, insinuando que corrupção no INSS foi facilitada durante o Governo Lula. Diante de tamanha perspicácia, Sherlock Holmes já pode se aposentar. Felizmente para ele, não depende do INSS.
“Quando a gente fica em um júri de 20 horas sozinho, para condenar seis membros do PCC a 46 anos de prisão e tem que ir pra casa escoltado, ninguém vem perguntar do nosso salário” – Fabricio Drumond, promotor de justiça. Se acha ruim, peça demissão e vá carpir um lote. O salário é baixo, mas não tem júri de 20 horas nem ameaça do PCC. A única insalubridade é ter que enxotar o Guilherme Boulos do terreno de vez em quando.
“Em 20 anos, me casei três vezes com o mesmo marido” – Maria Fernanda Cândido, atriz. O segredo para a longevidade do casamento é a amnésia.
“O que aconteceu foi lamentável e beirou o ridículo” – Filipe Luís, técnico do Flamengo, criticando o comportamento do atacante Pedro. Só beirou? O Pedro consegue bater na trave até na hora de ser ridículo.
“É falso que Haddad criou imposto sobre oxigênio no governo Lula” – esclarecem os checadores de fatos do Boatos.org, sobre texto publicado por um certo colunista, de um certo jornal. Ok, agora que a farsa caiu podem respirar à vontade, que é de graça e oxigena o cérebro. Algo que, para alguns, é visivelmente urgente.
“Esses arquivos foram manipulados por James Comey [ex-chefe do FBI], Obama e o Governo Biden” – Donald Trump, insinuando que os arquivos do caso Jeffrey Epstein teriam sido falsificados. Começo a suspeitar que, no fundo, ele está querendo proteger algum “laranja”.
“Foi a pedido do próprio ‘Bozo’… de Jair Bolsonaro” – Elisa Veeck, ex-Chiquitita e âncora da CNN Brasil, sobre a eleição de Tarcísio Gomes de Freitas ao governo de SP. Ah, o jornalismo isento… isento de qualquer vestígio de imparcialidade.
“É inegável a surpreendente sofisticação tática de algumas ações adotadas no 8 de janeiro” – Paulo Gonet, procurador-geral da República. Uma sofisticação tática tão grande que até hoje ninguém entendeu o plano – nem os pipoqueiros de elite supostamente envolvidos. Uma operação de fazer inveja à CIA e ao Mossad juntos.
“Todo mundo aqui tem antecedentes criminais” – Torcedores do Sport Recife, ameaçando os jogadores após invasão do CT. Peraí… isso foi um protesto de torcida organizada ou uma reunião ministerial?
“O pavão é um animal da Ásia. Não tem nada a ver com as tribos indígenas do Brasil, mas tem gente que parece que gosta de fazer cosplay” – Kim Kataguiri, deputado federal (União-SP), criticando cocar de penas de pavão da colega Célia Xakriabá (PSOL-MG). Talvez fosse apenas um cosplay de ministro do STF, uma espécie de voz aveludada e penugem exótica que habita o cerrado.
“Traição de CEO é exposta após aparecer em show do Coldplay com a chefe de RH da empresa” – manchete do jornal New York Post. Procurada, a esposa teria dito que a traição ela até supera; imperdoável mesmo foi descobrir que o marido era fã do Coldplay.
Enquanto Isso, na Sala da Justiça
“Nos quadrinhos, o herói salva o mundo. Na vida real, quem salva o Brasil é o equilíbrio. O PSDB segue firme contra os extremos” – perfil do PSDB no X. De super-herói, o PSDB só tem aquela identidade secreta que todo mundo já manjou qual é.
“O Santos precisa do Batman, mas Neymar insiste em ser só o Bruce Wayne” – Casagrande, comentarista de TV. Decepcionante ver quem sempre puxou uma linha mais clara, pura e refinada em suas análises, resolver queimar um craque desse jeito.
Supremo Tarifaço Federal
“Moraes bloqueou meu OnlyFans” – Allan dos Santos, jornalista exilado, revelando perda de perfil na plataforma de conteúdo adulto. Fica a dúvida: que ministro teria o costume de vasculhar perfis masculinos no OnlyFans nas horas vagas e acabou topando com o Allan dos Santos por lá?
“A defesa absoluta dos princípios constitucionais torna-se essencial para a civilização” – Gilmar Mendes, ministro do Supremo (STF-MT), mandando recado a Donald Trump, supostamente em inglês, no X. Após o notável jurista, num arroubo de estadismo global, defender a civilização em ChatGPTês fluente, a popularidade da barbárie disparou nas pesquisas.
“Esse é um tema para a política e a diplomacia. Não cabe ao Judiciário se pronunciar” – Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo (STF-SP) e palpiteiro-mor da nação. O Barroso se recusando a palpitar sobre um tema alheio à sua função? Isso é inédito e deveria ser investigado como quebra de decoro ou abandono de cargo, no mínimo.
“As sanções aplicadas ao Brasil [seriam] fundadas em compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos” – Luís Roberto Barroso, se pronunciando sobre o que não iria se pronunciar. Censura para defender a liberdade; prisão arbitrária para garantir direitos; cassação de mandato para proteger a democracia. Qual a dificuldade em entender?
“A condenação de Lula foi anulada usando minhas reportagens como pretexto, mas o STF queria soltá-lo por acreditar que era o único capaz de vencer Bolsonaro” – Glenn Greenwald, jornalista responsável pela “Vaza-Jato”. Bons tempos em que o STF ao menos precisava de um pretexto para fazer o que desse na telha.
“Se quiser fazer seu teatrinho, faça no X” – Alexandre de Moraes, ministro do Supremo (STF-SP), subindo nas tamancas durante julgamento de Filipe G. Martins. Lembre-se que o plenário é reservado para atividades estritamente circenses.
“Deterioração das normas democráticas no Brasil é alarmante” – manchete do The Wall Street Journal. O alarmante mesmo é eles acharem que ainda sobrou alguma norma democrática para se deteriorar.
“Livro de Moraes sobre democracia e redes sociais é semifinalista de prêmio Jabuti Acadêmico” – informa a Folha de S.Paulo. Deve estar concorrendo na categoria “Ficção de Autoajuda”.
Bozo vs Painho Papudo
“Ladrão, é você de novo comigo na sua boca?” – Jair Bolsonaro, mandando indireta para ente indeterminado no X. Pensei em uma pessoa aqui, mas duvido que seja ele. A boca do sujeito está quase sempre ocupada com algo mais forte e destilado que o ex-presidente.
“Ô Trump, pelo amor de Deus, Trump. Solta o meu pai. Não deixa o meu pai ser preso” – Lula, ex-detento, ridicularizando atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA. O diálogo político neste país é de um nível (etílico) altíssimo.
“Sem Moraes, Lula seria apenas isso daí, um bêbado da rua com cujas opiniões ninguém se importa” – Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado (PL-SP), respondendo a Lula. Dizer que Lula seria um “bêbado de rua” é um exagero. Para começar, se não fosse o Moraes, nem na rua ele estaria.
Negociações Perigosas
“Vou levar jabuticaba pra você, Trump” – Lula, propondo solução bizarra para as sanções americanas. Se é para usar frutinhas como tática de negociação, por que não enviar logo o Macron, com quem Lula já tem amizade?
“O Brasil tem tentado muito negociar. Tem tentado ser o ‘adulto’ na sala – Míriam Leitão, defendendo o governo como pode. Só para confirmar: o “adulto” é aquele analfabeto barbudo, com bafo de onça e longa ficha corrida, gritando sandices no canto da sala?
“Nenhum governo estrangeiro tem o direito de questionar a administração da Justiça em nosso país” – Jorge Messias, o “Bessias”, advogado-geral da União. É, seria muita pretensão – porque nem nós, brasileiros, gozamos mais desse privilégio.
“Achou ruim? Espere até ver as reações de Trump caso Jair Bolsonaro seja condenado” – Eduardo Bolsonaro, sobre sanções de Trump. Suspeito que o próximo passo desse plano genial seja convencer Trump a bombardear São Bernardo do Campo e região.
“Um desrespeito comigo” – Eduardo Bolsonaro, criticando Tarcísio Gomes de Freitas por se voluntariar para mediar negociações com os EUA. No Brasil o filho feio não apenas tem pai, como também tem o tio e o avô disputando a guarda.
“Eu não aceito que o Trump venha meter o bedelho em um caso interno nosso” – Hamilton Mourão, senador (Republicanos-RS), defendendo a democracia pujante contra sanções americanas. Se a jabuticaba do Lula falhar, por que não tentar a melancia do Bolsonaro?
“Lula, quer resolver o problema? Liga lá para o fritador de hambúrguer”– Jair Bolsonaro. Se ninguém atender, é porque ele deve estar ocupado assando umas batatas. Ou fritando um ovo.
“Se você é o presidente da China, o primeiro-ministro da Índia ou o presidente do Brasil e ainda negocia com os russos, saiba que poderei aplicar sanções” – Mark Rutte, secretário-geral da OTAN, em aviso aos amigos de Putin. Ele pode ser apenas um fantoche sem nenhum poder real, mas é capaz de impor a sanção mais devastadora de todas: um convite para se juntar à OTAN. Pergunte à Ucrânia.
“Não recebemos nenhuma resposta. Ele não se dignou nem sequer a mandar uma carta” – Lula, sobre reação de Trump à sua proposta de negociação. A genialidade deste governo é que a incompetência da diplomacia pode ser encoberta pela incompetência dos Correios.
“Eu tenho certeza de que o presidente americano jamais negociou 10% do que eu negociei na minha vida” – Lula. Não resta a menor dúvida. Nem Pablo Escobar deve ter negociado tanto quanto Lula no auge de sua carreira.
“O nome de quem manda nesse país só tem quatro letras, chama-se ‘povo brasileiro’” – Lula. Provando ser multitarefas ao se atrapalhar na política, gramática e aritmética ao mesmo tempo.
“A gente vai cobrar imposto das empresas americanas digitais. Nós não aceitamos, em nome da liberdade de expressão, você ficar utilizando [as redes] para fazer agressão, para fazer mentira, para prejudicar” – Lula, sobre plano para retaliar tarifas americanas. Se for assim, é melhor o governo denunciar as big techs na OMC por concorrência desleal.
“Querer negociar com governo estrangeiro, em nome do país, é uma iniciativa que usurpa função constitucional que cabe à União e pode configurar crime de responsabilidade” – Alfredo Attié, presidente da Academia Paulista de Direito, criticando Tarcísio Gomes de Freitas. Traduzindo: no Brasil, a omissão é um dever constitucional e a proatividade é um ato de lesa-pátria.