Gênio da raça completa 78 anos

Quando se fala nos melhores camisas 8 da seleção brasileira, logo vêm à cabeça nomes imortais como Didi, o Príncipe Etíope, Gerson, o Canhotinha de Ouro, Sócrates, o Doutor.

Poucos se lembram de Tostāo, que usava a 8 no Cruzeiro, dos melhores que o Planeta Bola viu, mas que jogava como verdadeiro 10.

Quando se pensa nos melhores camisas 9, a que Tostāo usou na Copa do Mundo de 1970, no México, a do tricampeonato, o que vem à memória é Ronaldo Fenômeno e ponto.

Tostão, então, era o que hoje chamamos de falso centroavante.

A camisa 10 tem dono eterno, e não se fala mais nisso, mesmo que se diga, com razão, que o ataque de 1970 era formado por cinco camisas 10: Jairzinho, Gerson, Tostāo, Pelé e Rivellino.

E Tostão, de fato, usou a 10 com brilho na Copa da Independência de 1972, vencida pelo Brasil.

Mas, se ele não foi o melhor camisa 8, nem 9, nem 10, o que ele foi?

Bem, ele é até hoje o segundo melhor jogador mineiro de todos os tempos, conterrâneo do Rei Pelé.

Também por isso é chamado de Mineirinho de Ouro.

Não só.

Por exemplo: na clássica obra de João Máximo e Marcos de Castro, “Gigantes do Futebol Brasileiro”, Tostão é citado como um dos 20 melhores da história.

E ainda é pouco.

Com estilo minimalista, assim como escreve suas imperdíveis colunas nesta Folha, Tostāo era mestre em sair de situações difíceis com um toque —e marcava gols como se andasse de bicicleta, ou chupasse um sorvete de doce de leite.

Capaz de deixar amantes do futebol refinado em má situação, forçá-los a cometer heresias.

Porque não há nada mais impossível do que escalar a seleção brasileira de todos os tempos sem cometer heresias, como com frequência somos compelidos a fazer.

Quais são as posições intocáveis?

A lateral esquerda, com Nilton Santos; a de armador tem Didi; a ponta direita é de Mané Garrincha, a Alegria do Povo; e o Rei.

A rara leitora e o raro leitor têm todo o direito de gritar: e Ronaldo Fenômeno como centroavante!

Pois é, mas e se alguém preferir Romário? Ou se lembrar de Reinaldo, “ei, ei, ei, Reinaldo é o nosso rei”? Ou de Coutinho, acredite?

Pois quem prefere o refinamento com magia (sim, viva a magia!), o cérebro aos pés, ou a singeleza ao luxo, é capaz de armar seu ataque dos sonhos com Garrincha, Didi, Tostāo, Pelé e Rivellino —o Garoto do Parque que até hoje ocupa o lugar que Sócrates beirou ocupar na galeria de melhor corintiano.

Sim, nem Ronaldo, nem Romário, nem Reinaldo, nem Coutinho: Tostão!

Exagero? Não!

Por que seria exagero se até a data do nascimento dele é tão relevante como a da fundação de uma das metrópoles mais importantes do mundo?

Eduardo Gonçalves de Andrade completará 78 anos no próximo dia 25 de janeiro, junto aos 471 da cidade de São Paulo, orgulhosa em poder comemorar junto com ele, assim como com Tom Jobim, também gênio.

Aliás, Tostāo está para o futebol brasileiro como outra divindade está para a música brasileira.

Você já notou como Edu Lobo tem certa semelhança física —e bastante parecença no quesito personalidade, ambos discretos, na deles, com Tostāo?

Pois, se alguém perguntar sua preferência entre Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil e você responder Tom Jobim, ficará tudo bem. Edu Lobo, também.

Com Tostāo é igual.

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