Governo Lula adota solução fascista para o arroz

O objetivo do governo não é manter o abastecimento e a segurança alimentar do país, mas sim derrubar o preço do arroz para o consumidor de maneira artificial

Por Tiago Rios Fagundes

Economia fascista. Essa é a melhor definição para as ações do Governo Federal através do Ministério da Agricultura sobre o mercado de arroz brasileiro. O complexo de tragédias desencadeado pelas cheias no estado do Rio Grande do Sul não gerou motivos para a importação de arroz governamental, mas está sendo uma boa desculpa para que o presidente Lula tomasse uma medida já anunciada antes mesmo da primeira chuva em excesso no sul do Brasil.

No dia 26 de abril, o presidente Lula na ocasião da entrega de aeronaves da Embraer a Azul, disse em altos brados que o governo “vacilou” em não ter importado arroz barato da Venezuela, país que provavelmente em algum delírio seu teria produto excedente para destinar ao mercado brasileiro, maior consumidor fora da Ásia, mesmo que a Venezuela tenha hoje a necessidade de importar 75% do alimento consumido dentro de suas fronteiras. Sua Senilidade ainda reforça a ideia de que o MST pode abastecer o país, mesmo sua produção total sendo de 1 (um) mísero dia de consumo nacional de arroz.

Essa declaração aconteceu alguns dias antes do inicio das cheias que atingiram a região do vale do Taquari, causando o caos generalizado em mais de 300 municípios, alguns deles produtores do grão, mas que já haviam realizado suas colheitas no momento das cheias. As cheias ocorreram longe de onde se encontra a maior fatia das áreas arrozeiras do estado, que representa 70% da produção nacional de arroz, a qual se concentra nas microrregiões da Fronteira Oeste, Campanha e Planície Costeira Interna do Rio Grande do Sul, conforme dados do Instituto Riograndense do Arroz (IRGA). Segundo dados da Federarroz e do IRGA, 90% da safra 2023/2024 foi colhida antes do inicio das cheias e volumes irrisórios do grão já colhido foram perdidos em alguns armazéns atingidos, estando assim o abastecimento de arroz garantido ao país no ano de 2024.

Ao arrepio dessa informação, e dos protestos da cadeia produtiva do arroz e seus órgãos de representação, na última sexta-feira, dia 24, o Governo Federal aprovou uma linha de crédito extraordinário de irá totalizar um volume obsceno de R$ 7,2bi para a compra de até 1 milhão de toneladas de arroz pelo Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário juntamente a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) que prevê abrir na próxima semana os primeiros leilões de compra do cereal. A origem deste produto, segundo fontes do próprio Governo Federal, será a Tailândia, um grande produtor de arroz asiático de arrozes tipo basmati e jasmine, que são longos finos como o brasileiro mas tem uma característica de baixa qualidade no cozimento (cocção no termo técnico), que resulta no famoso unidos venceremos, ou ainda o carnavalesco em blocos. As mamães não vão gostar.

Diante do exposto, podemos notar que a ideia do Governo Federal não é manter o abastecimento e a segurança alimentar do país, mas sim derrubar o preço do cereal para o consumidor final de maneira artificial, forçada, mesmo que isso custe o desmantelamento total de toda uma cadeia produtiva pujante e essencial para a economia do estado do Rio Grande do Sul. A Conab está publicando que o preço desse arroz do governo chegará ao consumidor por R$ 4,00 o quilo do beneficiado, o que faz o preço do arroz base casca pago ao produtor baixar a patamares de R$75,00, enquanto o custo de produção está em torno dos R$ 95,00 o saco de 50 quilos apenas no desembolso de insumos e demais componentes do custo da safra, sem contabilizar investimentos e o parcelamento da dívida. Temos ai, muito superficialmente, um prejuízo de R$ 20,00 por saco de 50kg do arroz base casca, ou seja, o produtor perde esse valor a cada saca que comercializa caso essa política pública seja levada a cabo. Estaremos pagando pra trabalhar, gerar empregos e pagar impostos.

O Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Agrário, Carlos Fávaro, disse no último sábado (25) que linhas de crédito complementares serão disponibilizadas aos produtores de arroz do estado, uma afirmativa no mínimo leviana pois crédito não paga conta mas sim rentabilidade, aliás, qual rentabilidade? Teremos nos próximos anos um aumento substancial do grau de endividamento do produtor o que tornará todo um setor de uma cadeia produtiva totalmente insolvente, tendo como fim abandonar a atividade e fazendo o país se tornar refém da produção orizícola internacional para abastecer nosso mercado consumidor. Um desastre total.

A desnacionalização da economia, tirando da mão do produtor nacional o protagonismo no abastecimento do mercado do arroz e entregando a dependência ao mercado internacional, somado a dominação do produtor e de seu fator de produção mais importante, a terra, através do descumprimento do seu papel social por seu alto grau de endividamento e da consequente inadimplência junto aos bancos públicos, e o apertamento das exigências ambientais que se avizinham por justificativas pífias como a de que os agricultores exploram de maneira predatória os recursos naturais gerando catástrofes ambientais como a do Vale do Taquari, reforçam a ideia de que o final dessa história culminará na entrega dos meios de produção ao capital estrangeiro, pois eventualmente faltará recursos nos cofres nacionais para comprar arroz no mercado externo e refinanciar a dívida do produtor brasileiro, oque coloca na jogada aportes bilionários de grandes conglomerados econômicos como o chinês, possivelmente através dos BRICS, que nunca esconderam seus interesses em comprar grandes territórios e infraestruturas chaves de países na África e na América Latina como no exemplo emblemático da Argentina durante o governo kirchnerista de Alberto Fernandez. Uma ação que faria Il Duce rir triunfantemente diretamente de seu túmulo em Maggiori.

John Adams, segundo presidente americano, já dizia que para conquistar uma nação haveria duas formas: uma pela espada e outra pelas dívidas e estamos então dando um passo em direção a nossa dominação. O Estado do Rio Grande do Sul e o povo gaúcho estão sofrendo duros golpes este ano sendo a mais importante a perda irreparável de vidas mas também a destruição da sua economia em regiões chave do nosso estado, a inutilização da sua malha viária que escoa produtos e serviços, a extinção de algumas cidades que simplesmente foram varridas da paisagem sul riograndense, e agora a perda do mercado e da produção de um dos seus maiores produtos. As consequências dessa tragédia ainda nem começaram a ser levantadas e o resultado do rompimento do tecido social em função do descrédito que o Estado brasileiro enfrenta no Sul do Brasil ainda nem surgiu no horizonte. Nunca esqueçam que por muito menos os gaúchos já fizeram revoluções. Bons tempos.

– Tiago Rios Fagundes é produtor rural, engenheiro agrônomo e especialista em marketing do agronegócio.

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