O gravador de voz da cabine do avião ATR-72 que caiu em Vinhedo (SP) na última sexta-feira (9) registrou conversas do copiloto sobre “dar potência” à aeronave segundos antes da queda, além de gritos dos passageiros na aeronave.
As informações foram obtidas com exclusividade pelo Jornal Nacional. O acidente provocou a morte de todos as 62 pessoas que estavam na aeronave operada pela Voepass, antiga Passaredo, incluindo os quatro tripulantes.
As cerca de duas horas de transcrição foram feitas pelo laboratório de leitura e análise de dados do Centro de Investigação e Prevenção e Acidentes (Cenipa), vinculado à Força Aérea.
Segundo os investigadores, a análise preliminar dos dados indica que o ATR 72-500 perdeu altitude de forma repetina. E que a análise do áudio da cabine, sozinha, não é capaz de cravar uma causa aparente para a queda.
Vídeo:
Jornal Nacional teve acesso ao conteúdo do gravador de voz da cabine do avião que caiu em Vinhedo. O áudio foi finalizado com gritos.https://t.co/iJq8m3a2Gu— Central Reality (@centralreality) August 14, 2024
Conversa do copiloto, gritos e estrondo
A transcrição do áudio da caixa-preta mostra que, ao perceber que o avião estava perdendo sustentação, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva perguntou o que estava acontecendo.
Disse que era preciso “dar potência” – uma tentativa de estabilizar a aeronave e impedir a queda. O que, infelizmente, não foi possível.
Cerca de um minuto se passou entre a constatação da perda de altitude e o choque do avião contra o solo. Neste tempo, segundo os investigadores, o áudio registra que a tripulação tentou reagir.
A gravação é finalizada com gritos e com o estrondo do choque da aeronave contra o chão.
Possíveis causas do acidente
O ATR 72-500 tem as hélices na parte de cima da fuselagem, muito próximas da cabine de comando. O que, segundo investigadores, provocou excesso de barulho e aumentou a dificuldade para compreender os diálogos. Mesmo assim, eles dizem que não identificaram sons de alertas característicos – como, por exemplo, da presença de fogo, falha elétrica ou de pane no motor.
Pelos dados iniciais, a formação de gelo nas asas, hipótese apontada por especialistas como uma das possíveis causas do acidente, não foi confirmada nem descartada. Tudo vai depender da análise dos registros das caixas-pretas e da combinação dessas informações.
O relatório preliminar sobre o acidente fica pronto em 30 dias. Prazo em que os investigadores esperam desvendar o contexto da tragédia, considerado hoje por eles como nebuloso.
O Tribunal de Contas da União vai realizar uma auditoria na Agência Nacional de Aviação Civil. Serão avaliadas as normas da Anac para execução de reparos em aviões, a adequação dos procedimentos de fiscalização sobre empresas de manutenção e a atuação da agência na investigação e na resposta a acidentes aéreos.
Com informações do G1.