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Groenlândia, Canadá, Canal do Panamá e, agora Gaza: os territórios que Trump já disse querer controlar

Especialistas avaliam que falas de Trump são retórica para demonstrar poder. Entretanto, se Trump decidisse pôr em prática algum dos seus planos, nada poderia impedi-lo. Veja os territórios que Trump disse querer controlar
Arte g1
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que deseja incorporar o Canadá aos EUA, tomar o Canal do Panamá e a Groenlândia e foi amplamente criticado ao dizer na terça-feira (4) que pretende “assumir” a Faixa de Gaza. Apesar das falas, não houve nenhum movimento concreto por parte do republicano. Trump também rebatizou o Golfo do México para “Golfo da América”, uma medida que tem mais impacto político do que prático.
🗺️ Veja mais abaixo quais foram os territórios que o presidente dos EUA disse querer controlar e o cenário político de cada um deles.
As intenções de Trump desencadearam uma enxurrada de críticas e uma reação massiva de diversos atores globais. A Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil e outros países se manifestaram sobre os planos de Trump. É o que o direito internacional chama de protesto.
Jayme Benvenuto, professor de Direito Internacional Público da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), explica que o protesto é importante para “convidar o autor [Trump] da ação a rever sua posição”. Mas, na prática, isso é tudo que a comunidade internacional pode fazer contra um país como os EUA, cujo poder econômico e militar se impõe.
Benvenuto afirma que é improvável que o presidente americano opte pela incorporação de outros territórios, mas que isso “depende da conjuntura”.
“Trump tem como característica dizer coisas que ele não vai fazer para poder conseguir algo que, talvez, esteja dentro de um horizonte mais realista. Quando ele fala em incorporar a Groenlândia, incorporar o Canadá, pode ser uma retórica para conseguir algo, para demonstrar poder. Porque, de uma maneira geral, os Estados Unidos estão reagindo a uma perda de poder, sobretudo para a China, mas também, em alguma medida, para a Rússia”, disse.
Trump pode ser impedido?
Caso Trump decida pôr em prática algum dos seus planos, nada poderá impedi-lo. Os EUA têm poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, a única instância da organização que poderia dificultar o avanço americano sobre outros territórios.
Em 2003, por exemplo, mesmo sem conseguir convencer o conselho a apoiar uma invasão ao Iraque, 295 mil soldados americanos e aliados invadiram o país pela fronteira com o Kuwait.
Antes de a ONU existir, os países se valiam da força para expandir seus territórios. Após 1945, com a instauração da Carta da ONU, a soberania e autodeterminação dos povos foi estabelecida. Por causa disso, hoje, é possível afirmar que o uso da força para incorporar territórios é ilegal perante o direito internacional, explica a professora de relações internacionais Clarissa Forner.
“As normas do direito humanitário reforçam a dimensão da não-agressão e consideram como crime o uso de deslocamentos forçados de pessoas (o que foi algo sugerido por Trump ao se referir a Gaza, por exemplo). Sob a ótica dos principais dispositivos do direito internacional, quaisquer tentativas de anexação e/ou incorporação à força seriam vistos como violações”, afirma.
Forner diz que o cenário é parecido com o contexto da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, em que a opinião do Conselho de Segurança não impediu a deflagração do conflito. Ela avalia, porém, que não parece haver respaldo, nem dentro, nem fora dos EUA, para que Trump concretize seus planos.
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Faixa de Gaza
Milhares de palestinos retornam ao norte da Faixa de Gaza em 27 de janeiro de 2025.
REUTERS/Ramadan Abed
Na noite de terça-feira, em uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o presidente americano declarou que os Estados Unidos vão assumir o controle da Faixa de Gaza e vão ser os donos do território. Trump não explicou como isso se daria exatamente, mas disse que os Estados Unidos vão ajudar a retirar explosivos e destroços de Gaza para promover o desenvolvimento econômico da região.
No centro do mais recente conflito entre o Hamas e Israel, a Faixa de Gaza é uma região palestina localizada em um estreito pedaço de terra na Costa Oeste do território israelense, na fronteira com o Egito e banhada pelo Mar Mediterrâneo. Gaza tem cerca de 41 km de comprimento e 10 km de largura.
A região é marcada por pobreza e superpopulação. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), Gaza tem uma população de aproximadamente 2,1 milhões de pessoas, incluindo cerca de 1,7 milhão de refugiados palestinos.
Grande parte da Faixa de Gaza foi reduzida a escombros durante a guerra entre Israel e o Hamas, deflagrada após um ataque do grupo terrorista contra o território israelense em outubro de 2023. Atualmente, o conflito vive uma trégua após assinatura de um acordo de cessar-fogo.
Canal do Panamá
Embarcações são vistas no Canal do Panamá nesta terça-feira (31)
Eric Batista/AP
Logo após ser eleito para o 2º mandato nos EUA, Trump fez acusações sobre a cobrança de taxas excessivas para o uso do Canal do Panamá, que foi controlado pelos americanos até 1999, e afirmou que existe risco de influência chinesa na região. Dois portos próximos à entrada do canal são administrados por uma empresa de Hong Kong.
“Se os princípios, tanto morais quanto legais, deste gesto magnânimo de doação não forem seguidos, então exigiremos que o Canal do Panamá seja devolvido a nós, integralmente, rapidamente e sem questionamentos”, afirmou o republicano.
Trump também declarou que o Canal do Panamá é vital para os Estados Unidos. O governo do Panamá afirmou que as taxas cobradas são calculadas e avaliadas com transparência, ajudando a manter a estrutura.
O presidente panamenho, José Raúl Mulino, disse ainda que o canal não está sob o controle ou influência de nenhum outro país. “Cada metro quadrado do Canal do Panamá e sua área ao redor pertence ao Panamá e continuará a pertencer”, afirmou Mulino. “A soberania e a independência do nosso país não são negociáveis.”
O Canal do Panamá foi inaugurado em agosto de 1914, facilitando a passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Os Estados Unidos tiveram um papel crucial na construção, apoiando a independência do Panamá da Colômbia para firmar um acordo.
Os americanos controlaram o canal até 1999, quando foi entregue ao governo panamenho. O canal impulsionou a economia norte-americana e o desenvolvimento do noroeste dos EUA.
Recentemente, a redução das chuvas tem afetado os níveis de água, levando o governo do Panamá a limitar o trânsito de navios para economizar água.
Canadá
Donald Trump e Justin Trudeau durante encontro de líderes da Otan em Londres, em 4 de dezembro de 2019
Kevin Lamarque/Reuters
Logo após o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciar que iria renunciar ao cargo, no dia 6 de janeiro, Trump sugeriu em uma rede social que o Canadá se tornasse um estado dos EUA.
“Muitas pessoas no Canadá amam ser o 51º estado. Os Estados Unidos não podem mais sofrer com os enormes déficits comerciais e subsídios que o Canadá precisa para se manter sem dívidas. Justin Trudeau sabia disso e renunciou”, afirmou.
“Se o Canadá se fundisse com os EUA, não haveria tarifas, os impostos cairiam muito e eles estariam totalmente seguros da ameaça dos navios russos e chineses que os cercam constantemente. Juntos, que grande nação seria!”
Atualmente, o Canadá é um grande exportador de petróleo e gás natural para os EUA. Além disso, o país é um dos principais produtores de minerais como alumínio, níquel e pedras preciosas.
Trump chamou a fronteira entre os dois países de “linha artificialmente desenhada” e disse que eliminá-la seria melhor para a segurança financeira. “Eles são ótimos, mas estamos gastando centenas de bilhões por ano para protegê-los. Estamos gastando centenas de bilhões por ano para cuidar do Canadá”, disse o presidente eleito.
Trump já prometeu impor uma tarifa de 25% em todos os produtos do Canadá e do México até que ambos os países tomem medidas rigorosas contra o tráfico de drogas e o fluxo de imigrantes ilegais.
Após as declarações de Trump, Trudeau afirmou que “jamais” o Canadá fará parte dos Estados Unidos. O primeiro-ministro disse ainda que seria mais fácil uma bola de neve não derreter no inferno.
“Os trabalhadores e as comunidades dos nossos dois países se beneficiam do fato de sermos os maiores parceiros comerciais e de segurança”, escreveu Trudeau em uma rede social.
Groenlândia
Icebergs na Baía de Disko, Groenlândia
AP/John McConnico
Em coletiva de imprensa antes de tomar posse, Trump disse que não poderia descartar o uso de força militar para obter controle da Groenlândia para “fins de segurança nacional”.
O republicano também ameaçou elevar tarifas contra a Dinamarca caso o país tente impedir os Estados Unidos de adquirir a Groenlândia. Autoridades da Groenlândia reiteraram que o território não está à venda, algo que Trump também ouviu no 1º mandato.
A Groenlândia está geograficamente localizada no continente norte-americano, mas mantém fortes relações com a Dinamarca. A ilha, que já foi uma colônia dinamarquesa, passou a fazer parte do Reino da Dinamarca em 1953. Até hoje, a Groenlândia segue a Constituição dinamarquesa.
Em 2009, a Dinamarca autorizou a Groenlândia a ter um governo próprio e autônomo, possibilitando até mesmo uma declaração de independência por meio da realização de um referendo.
Atualmente, os Estados Unidos continuam considerando a Groenlândia um território estratégico para a segurança nacional. A ilha poderia abrigar sistemas de defesa capazes de interceptar mísseis vindos da Europa ou do Ártico.
A ilha também é rica em minerais, petróleo e gás natural. No entanto, a extração de minerais enfrenta forte oposição de povos indígenas e restrições burocráticas do governo. Quanto ao petróleo e ao gás natural, a exploração desses recursos é proibida por questões ambientais.
A população da Groenlândia poderia votar pela independência e aprovar, em referendo, uma associação aos Estados Unidos. Especialistas ouvidos pela Reuters, no entanto, acreditam que existe uma baixa probabilidade de isso acontecer.
Golfo do México passa a ser ‘Golfo da América’
Veja onde fica o Golfo do México, que Trump promete mudança de nome para ‘Golfo da América’.
Equipe de arte/g1
Embora Trump não tenha manifestado interesse em tomar para os EUA o Golfo do México, ele assinou uma ordem executiva mudando o nome da região, que é o maior golfo do mundo, para Golfo da América.
O território tem uma superfície de aproximadamente 1,55 milhão de km² e seu subsolo é rico em petróleo. A área também é uma importante rota comercial e pesqueira. Além dos EUA, o golfo banha o México e Cuba.
Não existe um único responsável pelo Golfo do México. Cada país guarda suas próprias áreas costeiras, além das águas territoriais. Os três países também administram Zonas Econômicas Exclusivas, que possibilitam a exploração de recursos.
O nome “Golfo do México” é usado há mais de 400 anos por navegadores europeus, que colonizaram a região. Agora, Trump diz que deseja mudar o nome da região para “Golfo da América”.
“Vamos mudar porque fazemos a maior parte do trabalho lá e ele é nosso”, afirmou Trump. “É apropriado, e o México tem que parar de permitir que milhões de pessoas invadam nosso país.”
Ainda não está claro o que Trump pretende com a fala, nem como ocorreria a mudança de nome. Também não se sabe se a medida seria uma referência ao controle da região.
Existem mecanismos dentro da legislação norte-americana que permitem alterar o nome de regiões, incluindo áreas internacionais. Após a fala do presidente eleito, a deputada republicana Marjorie Taylor Greene afirmou que vai apresentar um projeto para rebatizar o Golfo do México.
“Isso é importante para começar a financiar a alteração de mapas para todas as agências do governo federal, como a FAA (Administração Federal de Aviação) e as Forças Armadas”, escreveu a deputada em uma rede social.
Mesmo que Trump tenha sucesso em trocar o nome da área para “Golfo da América” nos Estados Unidos, isso não significa que outros países adotarão a mesma postura.
Ao lado de Netanyahu, Trump diz que os EUA vão ‘assumir’ a Faixa de Gaza
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Fonte: G1

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