• Home
  • Destaque
  • Igreja negra de Washington ganha ação na Justiça contra extremistas Proud Boys

Igreja negra de Washington ganha ação na Justiça contra extremistas Proud Boys

Uma histórica igreja negra em Washington que foi vandalizada por membros do grupo extremista Proud Boys em 2020 garantiu os direitos de nome do grupo, permitindo que a instituição reivindique os lucros das vendas de mercadorias da organização e das contribuições dos membros.

De acordo com a decisão da juíza do Tribunal Superior da capital, Tanya M. Jones Bosier, os Proud Boys, na condição de empresa, devem pedir permissão à Igreja Metodista Episcopal Africana Metropolitana ou ao tribunal para vender qualquer coisa com seu nome registrado, o que inclui sua insígnia preta e amarela.

Na prática, Bosier concedeu à igreja o controle sobre o nome e os símbolos do grupo de extrema direita. Um marco histórico do centro da cidade, marcado pelo trabalho com direitos civis, a igreja nunca recebeu uma sentença multimilionária do tipo —como a que os Proud Boys e seu líder foram condenados a pagar nesse processo civil. O caso teve origem na noite em que o grupo arrancou e destruiu a placa Black Lives Matter (vidas negras importam) da igreja.

“É justiça. É cármico”, disse o reverendo William H. Lamar 4º, pastor da igreja. “É nossa vitória em uma longa linha de vitórias e parte de nossa resistência ininterrupta e alegre. A igreja não se calará quando a violência for praticada contra nós, e faremos tudo o que pudermos para conseguir o dinheiro. Não pararemos até que sejamos ressarcidos.”

Kaitlin Banner, vice-diretora jurídica do Comitê de Advogados de Washington para Direitos Civis e Assuntos Urbanos, que representou a igreja, chamou de apropriado que o dinheiro dos Proud Boys “vá para financiar as boas obras da histórica igreja negra”.

Não está claro quanto dinheiro a igreja receberá. Henry Enrique Tarrio, que liderou os Proud Boys, disse em uma entrevista: “Eu me sinto muito bem com a decisão do juiz”. Ele disse que a pessoa que criou a empresa foi expulsa do grupo e que a corporação foi dissolvida. Ele se recusou a dizer se permaneceu como presidente do grupo, chamando-o de “mais como uma ideia”, que não pode ser processada.

“Não temo nada”, disse ele sobre a decisão, acrescentando que estava na prisão quando a ação foi movida e não pôde responder adequadamente. “O juiz fez um acordo de US$ 1 milhão em uma placa de US$ 40”, disse Tarrio. O juiz disse que a substituição da placa e a adoção de medidas para proteger a igreja custaram US$ 36.622,76.

O grupo Proud Boys tem um histórico de violência; seus líderes foram condenados por conspiração sediciosa por seu papel no ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021. O grupo marchou várias vezes em Washington antes do ataque, quando, segundo as autoridades, seus membros perambulavam pelas ruas procurando brigar.

Esse caso recente tem origem em uma noite de protestos violentos em 12 de dezembro de 2020, em nome do então presidente Donald Trump, que havia perdido a reeleição. A polícia prendeu quase três dúzias de pessoas e respondeu a esfaqueamentos, brigas e atos de vandalismo.

Faixas e cartazes do Black Lives Matter foram arrancados e destruídos em duas igrejas negras históricas. Uma faixa pertencente à Igreja Metodista Unida Asbury, uma das igrejas negras mais antigas da cidade, foi incendiada. Tarrio, então líder dos Proud Boys, mais tarde confessou ter participado do incêndio e foi condenado a cinco meses de prisão.

Embora Tarrio não estivesse em Washington durante o motim no Capitólio devido à sua prisão no caso da queima de faixas, ele foi condenado a 22 anos de prisão por conspiração sediciosa e obstrução de processo por um juiz que o chamou de “líder máximo” das insurreições. Trump concedeu clemência a Tarrio e a outros líderes dos Proud Boys e dos Oath Keepers no mês passado, além de perdoar cerca de 1.600 réus do 6 de Janeiro, inclusive aqueles que atacaram a polícia.

Depois que os processos do 6 de Janeiro afetaram sua liderança e os registros do tribunal mostraram que Tarrio já foi um colaborador do FBI e da polícia local, o grupo teve dificuldades para se reagrupar em nível nacional. Mesmo depois de Tarrio ter recebido o perdão, o grupo se dividiu, com aqueles que eram leais a ele permanecendo em divisões oficiais, e aqueles que não confiavam nele se autodenominando divisões autônomas.

Ainda assim, vários membros retornaram a Washington no dia da posse no mês passado, depois de anos vendo a capital como uma zona proibida, cantando: “As ruas são de quem? Nossas ruas”.

A Igreja Metodista Episcopal Africana Metropolitana listou Tarrio entre os réus em seu processo civil sobre o vandalismo de seu cartaz e novamente no processo que busca o controle da marca registrada Proud Boys. Ao decidir a favor da igreja em 2023, um juiz da capital descreveu o vandalismo como um ataque que “resultou de um conjunto altamente orquestrado de eventos focados nos princípios orientadores dos Proud Boys: supremacia branca e violência“.

O juiz ordenou que os Proud Boys pagassem US$ 1 milhão, que foi posteriormente alterado para US$ 2,8 milhões. Com juros, os advogados disseram que o valor chegou a US$ 3,1 milhões.

Os advogados da igreja disseram que os Proud Boys pagaram US$ 1.500 para esse acordo. Nos processos judiciais do caso da marca registrada, esses advogados afirmaram que o grupo permitiu que suas comunidades em todo o país recrutassem e comercializassem usando o nome da marca registrada “sem pagar um centavo de royalties [à Proud Boys International]. Royalties que poderiam ser usados para satisfazer o julgamento da igreja”.

VEJA MAIS

O Assunto #1401: O futuro de Gaza e o plano de Trump

Ao lado de Netanyahu, Trump disse querer tirar ‘todos’ os moradores de Gaza permanentemente e…

Jornalista português finaliza filme contra o ministro Alexandre de Moraes

O jornalista português Sérgio Tavares anunciou em seu Instagram o lançamento de um novo documentário.…

Neymar estreia, mas Santos apenas empata com o Botafogo com um jogador a mais

No primeiro minuto do segundo tempo da partida entre Santos e Botafogo, Neymar caiu no…