Assim como as sucuris, jiboias, jararacas e cascavéis também não colocam ovos, mesmo não sendo serpentes aquáticas. O biólogo diz que a explicação está no fenômeno de convergência evolutiva, que ocorre quando indivíduos de espécies não relacionadas desenvolvem características semelhantes, para solucionar problemas parecidos. “Elas começam a cuidar dos filhotes de forma mais próxima para evitarem a cadeia predatória”, conta.
Mais de cem ovos: ‘Estratégia de manter a espécie’
Pelo menos 106 filhotes. No começo, acreditava-se que a serpente atropelada teria uma ninhada de cerca de 40 filhotes. Mas o fiscal Josias Campinas, da Vigilância Sanitária de Porto dos Gaúchos (MT), esteve no local e disse ao UOL que encontrou pelo menos 106 filhotes.
Estratégia para manter a espécie. “O normal são gestações de 20 a 30 ovos. Mas pode chegar a 70”, conta Passos. Ele analisa a grande quantidade de filhotes da sucuri-verde que foi atropelada como uma “estratégia de manter a espécie”, já que, segundo ele, apenas 10% desses filhotes conseguem sobreviver. “Ninguém diz que um filhote de sucuri que é tão pequeno e frágil pode se transformar em uma serpente de seis ou sete metros de comprimento, diz.
Causas para a alta mortalidade dos filhotes de sucuris. Segundo o biólogo, são: predadores (onças, jacarés e até peixes que comem os filhotes); digestão lenta, que os deixa vulneráveis depois que comem; recuperação a machucados muito lenta, podendo durar meses; competição com outras serpentes; dificuldade em capturar alimento. Além disso, ele conta que, diferente de outras serpentes vivíparas, a sucuri só consegue se reproduzir através do acasalamento com um macho e tem apenas um período de reprodução no ano, fatores que dificultam a reprodução.
Relembre o caso
O agrônomo Adriano Prospero viajava pela rodovia MT-338 quando se deparou com a serpente. Em relato ao UOL, Prospero afirmou que reduziu a velocidade e decidiu descer do carro para verificar, mas percebeu que o animal e seus filhotes já estavam mortos.
