O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse, nesta terça-feira, 11, que o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, pediu demissão, depois de polêmica envolvendo o leilão de importação de arroz. O anuncio ocorreu após a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) cancelar a compra do grão.
Ex-ministro da Agricultura de Dilma Rousseff, Geller foi uma ponte entre Lula e o agronegócio durante a campanha eleitoral. Antes da decisão de anular o leilão da compra de arroz, o presidente Lula (PT) cobrou de seus auxiliares que os responsáveis pelo edital fossem desligados.
Como mostrou Crusoé, no leilão realizado na última quinta-feira, 6, para a compra de 263,3 mil toneladas de arroz, o governo federal aceitou que um pequeno supermercado, na região central de Macapá, fosse responsável por negociar mais da metade do valor negociado. A Wisley A. de Sousa LTDA, nome empresarial do supermercado “Queijo Minas”, ficaria sob a responsabilidade de entregar 147,3 mil toneladas do grão, em uma transação superior a 736 milhões de reais.
O governo do presidente Lula anunciou a compra de arroz logo após o início das enchentes no Rio Grande do Sul. O estado é responsável por 70% da produção nacional do grão, mas já havia colhido 80% do cereal antes das inundações.
A compra por parte do governo federal gerou diversas críticas e um grupo de parlamentares apresentou um pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Arroz. Além disso, os deputados da oposição protocolaram junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma representação para apurar indícios de fraude no certame.
Agora, o governo diz que vai ser feita uma revisão dos mecanismos que foram estabelecidos para leilões com apoio da Advocacia Geral da União (AGU) e da Controladoria Geral da União (CGU).
“Não tem como a gente depositar esse dinheiro público sem ter as reais garantias de que esse leilão, esses contratos posteriores, serão honrados. É por esse motivo, sem gastar até aqui um centavo do dinheiro público, com todo zelo que temos que ter, com clareza jurídica, com a capacidade dessas empresas de honrarem com seus compromissos, que a decisão é anular esse leilão e proceder um novo”, o presidente da Conab, Edegar Pretto.