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Novo governo da Síria mata mais de 500 civis alauítas, denuncia organização

Os alauítas são uma minoria xiita que apoiava o ditador Bashar al-Assad, deposto em dezembro. O grupo que assumiu o poder é sunita e é acusado de promover uma ‘limpeza étnica sistemática’, segundo a Federação de Alauítas na Europa. Centenas de pessoas são mortas na Síria
Membros de forças de segurança da Síria massacraram centenas de civis, incluindo mulheres e crianças, em um reduto da minoria muçulmana alauíta nos últimos três dias.
Deste quinta-feira (6), 532 civis foram mortos nas províncias de Tartus e Latakia, no litoral, disse o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
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Os alauítas são uma minoria xiita da Síria, país de maioria sunita. O grupo desfrutou de privilégios durante a ditadura Assad, derrubada em dezembro passado, e muitos membros se mantiveram leais ao antigo regime.
A Federação de Aluítas na Europa diz que há “limpeza étnica sistemática” em curso na região costeira do país.
Há relatos de execuções sumárias de famílias inteiras em alguns vilarejos. Testemunhas afirmam que cristãos também foram vítimas de forças governistas.
Essa é a primeira denúncia de repressão de grandes proporções pelas forças do governo desde a troca de poder no país.
Militares do Exército sírio partem em direção a Latakia para se juntar à luta contra combatentes ligados ao líder deposto da Síria, Bashar al-Assad
Mahmoud Hassano/Reuters
Outra entidade que monitora conflitos no país, a Rede Síria para os Direitos Humanos, também denunciou o massacre perpetrado pelas forças do governo sírio, segundo o jornal “The New York Times”.
Damasco reconhece mortes de civis
As autoridades do novo regime da Síria afirmaram neste sábado (8) que “restabeleceram a ordem” no noroeste do país, segundo a agência AFP. Estes são os primeiros incidentes dessa magnitude após a derrubada de Bashar al-Assad.
O novo regime, liderado pelo presidente interino Ahmad al-Sharaa, classifica os alauítas leais a Assad como uma “insurgência” e afirma que membros do grupo realizam emboscadas contra tropas de Damasco na região desde quinta-feira (6), matando dezenas de soldados.
Al-Sharaa, também conhecido como Abu Mohammed al-Golani, é líder da milícia HTS, que lutou contra Assad na guerra civil iniciada em 2011. O HTS fazia parte dos terroristas do Estado Islâmico, mas afirma ter se afastado do grupo.
Em um pronunciamento televisionado na última sexta (7), Al-Sharaa apoiou a ação de suas tropas, mas disse que não permitiria que seus soldados “exagerassem na resposta”.
“O que nos diferencia do nosso inimigo é o nosso comprometimento com nossos valores”, afirmou o presidente interino. “Quando desistimos da nossa moral, nós e o nosso inimigo acabamos do mesmo lado”, disse, acrescentando que civis e prisioneiros não devem ser maltratados.
As autoridades de Damasco reconheceram violações de conduta durante a operação contra os insurgentes alauítas, atribuídas a “massas desorganizadas de civis e combatentes que buscavam apoiar as forças de segurança oficiais ou cometer crimes em meio ao caos dos combates”.
Neste sábado, uma fonte do Ministério da Defesa disse à mídia estatal que todas as estradas que levam à costa foram bloqueadas para impedir violações e ajudar a restaurar a paz, com as forças de segurança posicionadas nas ruas das cidades costeiras.
A fonte acrescentou que um comitê de emergência criado para monitorar as violações encaminharia a um tribunal militar qualquer pessoa que não tivesse obedecido às ordens do comando militar.
A escala da violência relatada, que inclui relatos de uma execução de dezenas de homens alauítas em um vilarejo, coloca em dúvida a capacidade da autoridade islâmica governante de governar de forma inclusiva, o que as capitais ocidentais e árabes afirmaram ser uma preocupação fundamental.
Assad foi derrubado em dezembro do ano passado, após um governo marcado por severa repressão e uma guerra civil devastadora.
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Fonte: G1

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