A habilidade política do atual prefeito de Primavera do Leste, Leo Bortolin (MDB), não se resume apenas na liderança que já tinha como vereador, na solidez dos seus dois mandatos no Executivo Municipal ou na vitória maiúscula que conseguiu na Associação Mato-grossense de Município – AMM, dando fim a uma hegemonia de décadas.
O que o gestor fez com o caixa da cidade e as sementes que plantou para os próximos gestores serão capazes de mais que dobrar a riqueza do orçamento local em quatro anos em perspectiva, isso sem aumentar R$ 1 de imposto ao contribuinte. A chegada do terminal ferroviário na cidade deve fazer a arrecadação, atualmente na casa dos R$ 700 milhões, simplesmente dobrar.
A implantação de uma gestão moderna, que desburocratizou e atraiu investidores do Brasil todo, fez do prefeito um especialista na arte de estender tapetes vermelhos para quem gera emprego, enquanto que em cidades vizinhas seus concorrentes distribuíam obstáculos propineuticos para quem tenta se aproximar.
No debate eleitoral de Rondonópolis, por exemplo, enquanto o candidato de um lado acusa o situacionista de ‘perder empresas para Primavera’, um outro que tenta surgir como novidade promete plataforma parecida com a da gestão Léo, demonstrando que o case de sucesso não é só uma retórica eleitoral dos aliados de Bortolin.
Por falar em Rondonópolis, a cidade vizinha e seu enredo recente é a melhor perspectiva possível para se projetar o que acontecerá com Primavera nos próximos anos. Hoje, Rondonópolis e seus 244 mil habitantes são organizados por uma só administração que conta com mais de R$ 2,2 bilhões no cofre todo ano.
Só a título de comparação, a rica Anápolis, cidade mais poderosa do interior do estado vizinho de Goiás e palco do maior polo farmoquímico do Brasil, sendo sede da Neo Química e Geolab – só para citar duas gigantes do setor – conta com menos orçamento anual que Rondonópolis, mesmo já próximo de 400 mil habitantes.
Foi esse potencial que um terminal de ferrovia traz, capaz de quintuplicar a capacidade de investimento de Rondonópolis em dez anos desde a chegada dos trilhos, que chamou atenção de Léo e sua reconhecida habilidade de bastidores para, literalmente, arrastar os trilhos da ferrovia estadual e toda a movimentação que chega do sul do país pela BR-163 para Mato Grosso diretamente para Primavera.
É pacífico que a ferrovia estadual subiria seu traçado de Rondonópolis até Lucas do Rio Verde, ignorando o lado leste do estado, isso se Primavera não tivesse a sorte de estar sendo comandada por alguém bem relacionado politicamente e com visão de negócios tão apurada.
Um estudo técnico encomendado pelas associações patronais e pela própria Prefeitura de Rondonópolis mostra que a cidade vizinha pode perder de 27% a 30% do que seria seu potencial de arrecadação para Primavera, que por sua vez deve levar pra si não só centenas de empresas, mas também seus milhares de empregos que chegam junto.
A maneira que Bortolin posicionou a cidade nos trilhos do progresso certamente lhe renderá um reconhecimento tão estrondoso em futuro breve que os 80% de aprovação vão até parecer pouco, segundo analisa quem entende do assunto e viu tudo que aconteceu nos bastidores.
Léo é um tornado invertido, já que enquanto o evento característico da força da natureza vai destruindo tudo por onde passa, no caso do político do MDB a velocidade que impressiona é exatamente a que ele possui na construção. Nos dois casos, contudo, uma regra em comum se observa: diante de tanta energia diante dos olhos, só resta a quem assiste sair da frente.