Polícia bolivariana faz prisões em massa, estimula delações entre vizinhos e instaura clima de terror pelo país
O jornalista venezuelano Orlando Avendaño, editor-chefe do portal Voz US e colunista do jornal La Gaceta, revelou nesta sexta-feira (2) que o regime de Nicolás Maduro intensificou a repressão contra cidadãos que se manifestam contra a ditadura socialista.
Segundo Avendaño, o governo de Maduro está raptando pessoas em suas próprias casas por expressarem descontentamento nas redes sociais ou por terem sido testemunhas eleitorais. A polícia chavista está verificando os telefones das pessoas nas ruas em busca de mensagens de conteúdo oposicionista, resultando em diversas prisões.
Além disso, o regime lançou um aplicativo para celular e uma linha telefônica para que apoiadores do governo denunciem seus vizinhos anticomunistas. A imprensa também está sendo ameaçada: repórteres e apresentadores de televisão não podem questionar a narrativa oficial do governo, sendo obrigados a afirmar que tudo está normal no país.
Paralelamente, a ONG Foro Penal e familiares de civis capturados pelas forças do chavismo denunciaram que o Estado está impedindo que os detidos em protestos tenham acesso à defesa privada e contato com seus familiares. Os detidos foram capturados ao se manifestarem contra o resultado das eleições presidenciais, nas quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Nicolás Maduro como vencedor, mesmo com mais de dois milhões de votos ainda não contados. O CNE alegou que o sistema de contagem estava sob ataque cibernético.
Fora de um centro penitenciário a leste de Caracas, a coordenadora jurídica da ONG Foro Penal, Stefania Migliorini, afirmou que algumas pessoas capturadas estão sendo apresentadas em tribunais de terrorismo sem acesso a advogados particulares. Migliorini registrou mais de 250 detenções de pessoas entre 15 e 65 anos, embora o número possa ser superior, já que a organização recebeu cerca de 672 denúncias de familiares.
Segundo relatos, cerca de 75 pessoas foram transferidas para o presídio Yare III, no estado de Miranda, enquanto outras transferências não foram confirmadas. Alguns familiares dos detidos se recusaram a prestar declarações por medo da segurança dos detidos e por estarem proibidos de fornecer informações. Outros afirmaram que seus entes queridos foram capturados em casa, passeando ou voltando do trabalho, e alguns foram detidos durante as manifestações.
Ali Daniels, codiretor de Acesso à Justiça, denunciou que os detidos não estão recebendo visitas e que, em muitos casos, o prazo legal de 48 horas para apresentação perante um juiz foi ultrapassado. Daniels exigiu que as autoridades respeitem as garantias constitucionais e os direitos humanos. Ele também denunciou que os detidos estão recebendo acusações genéricas e não individualizadas, um padrão recorrente nos protestos de 2014 e 2017. Todos os detidos estão sendo acusados de traição, instigação ao ódio, associação para cometer crime e obstrução de vias públicas.
Nesta quarta-feira, Maduro informou que mais de 1.200 pessoas foram detidas, um número que supera a estimativa anterior da Procuradoria de 1.062 detenções. Maduro prometeu intensificar a perseguição contra os dissidentes e anunciou que continuará a capturar opositores, afirmando que não haverá perdão desta vez. O líder chavista justificou as prisões afirmando que está ocorrendo uma tentativa de golpe de Estado na Venezuela por parte de atores de direita e estrangeiros, e que as forças de segurança continuarão a capturar os envolvidos, enviando-os para prisões de segurança máxima.
A situação na Venezuela continua a deteriorar-se, com o regime de Maduro utilizando todos os meios ao seu alcance para silenciar a oposição e manter o controle sobre o país. As denúncias de abusos e violações dos direitos humanos são cada vez mais frequentes, enquanto a comunidade internacional observa com preocupação os desdobramentos no país sul-americano.
A ditadura socialista não medirá esforços para intensificar o democídio na Venezuela. O termo democídio, criado pelo cientista político americano R. J. Rummel (1932-2014), define “o assassinato de qualquer pessoa ou pessoas por um governo, incluindo genocídio, politicídio e a morte em massa”. Rummel afirmava que a expressão deve ser usada para qualificar governos responsáveis “de forma imprudente e desenfreada pela perda de vidas e pelo encarceramento de pessoas em condições subumanas”.
É exatamente o que está acontecendo na Venezuela, diante dos olhos do mundo.