Falando a um público estrangeiro, Fernanda Torres explicou que “o problema no Brasil é que a ditadura durou 21 anos, e quando eles – os militares – decidiram que era para terminar, eles estavam no comando”. Ela fez uma comparação com a Argentina, que terminou seu regime militar com o colapso dos militares diante da guerra das Malvinas.
“Na Argentina, a sociedade civil foi capaz de processar os autores dos crimes. Mas não no Brasil. Houve uma parte mais extremista dos militares que não queria que acontecesse. E as mesmas pessoas são as que tentaram fazer um golpe de estado agora”, alertou.
“No Brasil, houve um acordo. Nós perdoamos e vocês esquecem o que correu. Mas o fantasma ressurge de novo”, lamentou a atriz.
Para ela, é “muito impressionante” que o Supremo Tribunal Federal tenha citado o filme em uma decisão para reabrir o debate sobre a lei de anistia. A ideia é de que, se um corpo desaparece, ele não pode fazer parte da anistia. “Estamos começando a discutir isso”, disse a atriz.
O filme de Walter Salles e que relata a história de Eunice Paiva foi citado pelo ministro Flavio Dino como um dos argumentos para propor uma reavaliação da lei de Anistia, de 1979, diante de crimes como o do desaparecimento forçado de Rubens Paiva.
Walter Salles fez questão de ser enfático. “Estamos ao lado de Eunice. Os crimes da ditadura precisam ser julgados e punidos. Como ocorreu na Argentina e Chile”, disse.