Patrícia Capitanio é Palestrante, Consultora financeira, sócia da empresa W1 consultoria Financeira, autora do Livro Consultório Lucrativo, com 17 anos de experiência no mercado financeiro
Patrícia Capitanio é Palestrante, Consultora financeira, sócia da empresa W1 consultoria Financeira, autora do Livro Consultório Lucrativo, com 17 anos de experiência no mercado financeiro
PATRÍCIA CAPITANIO
Em uma decisão que abalou as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o presidente americano Donald Trump anunciou a imposição de uma tarifa de % sobre todos os produtos importados do Brasil, com validade a partir de º de agosto de . A medida, justificada por Trump como uma resposta a uma “relação comercial injusta” e a questões políticas brasileiras, promete gerar um efeito cascata que será sentido diretamente no cotidiano da população brasileira, desde a conta do supermercado até a estabilidade do emprego.
O Impacto no Carrinho de Compras e nas Contas do Mês
O efeito mais imediato para o consumidor será o aumento de preços, transformando hábitos e apertando o orçamento familiar. Mas como isso acontece na prática?
O pãozinho do café da manhã:
O Brasil importa parte do trigo que consome. Com a instabilidade cambial gerada pela tarifa, o dólar tende a subir, encarecendo essa importação. O resultado é um aumento no preço da farinha, que se reflete diretamente no pão francês, nos bolos e nas massas. Aquela ida diária à padaria pode pesar mais no bolso no fim do mês.
O churrasco do fim de semana:
Embora o Brasil seja um grande produtor de carne, parte da produção é voltada para exportação. Com a perda de competitividade no mercado americano, os produtores podem tentar compensar as perdas no mercado interno, ou a instabilidade pode afetar toda a cadeia produtiva, impactando os preços na prateleira do açougue.
Tecnologia e vestuário:
Quer trocar de celular, comprar um notebook novo ou renovar o guarda-roupa? Muitos desses produtos, mesmo que montados no Brasil, utilizam componentes eletrônicos ou tecidos importados. A tarifa e a alta do dólar encarecem esses insumos, fazendo com que o preço final do smartphone ou daquela calça jeans suba consideravelmente.
Combustível e transporte:
O preço dos combustíveis é diretamente influenciado pela cotação do dólar. Uma crise comercial dessa magnitude pressiona a moeda americana para cima, o que pode levar a reajustes na gasolina e no diesel. Isso não afeta apenas quem tem carro, mas encarece o transporte público e o frete de praticamente todos os produtos, desde os alimentos até as compras online.
A Ameaça ao Emprego e à Estabilidade Financeira
Além dos preços, a tarifa ameaça a fonte de renda de muitas famílias brasileiras. Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, e a medida coloca em risco setores que empregam milhões de pessoas.
O operário da fábrica de calçados:
Imagine um trabalhador em uma fábrica de calçados no Rio Grande do Sul, um polo exportador. Com a tarifa de %, os sapatos brasileiros se tornam caríssimos para os americanos, e os pedidos de compra despencam. A fábrica produz menos, fatura menos e, para sobreviver, pode ser forçada a demitir funcionários.
O piloto e a indústria aeronáutica:
O Brasil é um líder mundial na fabricação de aviões, com um mercado forte nos EUA. Uma tarifa dessa magnitude pode cancelar contratos milionários, freando a produção e colocando em risco os empregos de alta qualificação no setor, de engenheiros a pilotos de teste.
O agricultor do interior:
Um produtor de suco de laranja no interior de São Paulo que exporta grande parte de sua produção para os EUA pode ver seu principal mercado se fechar da noite para o dia. Sem ter para quem vender, ele pode ser forçado a reduzir sua produção, o que afeta não apenas sua renda, mas também a dos trabalhadores rurais que emprega.
Efeitos em Longo Prazo: Menos Oportunidades e Mais Incerteza
A instabilidade econômica gerada pela tarifa afasta investidores estrangeiros. Na prática, isso significa menos dinheiro entrando no país para a construção de novas fábricas, para a expansão de empresas e para a criação de novas vagas de emprego. Para o jovem que busca o primeiro emprego ou para o profissional que almeja uma promoção, o cenário se torna mais difícil, com menos oportunidades de crescimento.
O Que Esperar a Seguir?
Ainda há tempo para negociações diplomáticas antes de a tarifa entrar em vigor. O governo brasileiro sinalizou que pode retaliar, mas setores produtivos pedem cautela e diálogo para evitar uma guerra comercial que prejudicaria a todos.
Para o cidadão comum, o cenário é de atenção. A efetivação da tarifa de % não é apenas uma notícia de economia internacional; é uma ameaça real ao poder de compra, à segurança no emprego e à estabilidade financeira, mostrando como as grandes decisões políticas podem impactar profundamente a vida cotidiana.
Patrícia Capitanio, é Palestrante, Consultora Financeira, sócia da empresa W1 Consultoria Financeira, autora do livro Consultório Lucrativo, com 17 anos de experiência no mercado financeiro