Os setores mais afetados são justamente aqueles expostos às tarifas aplicadas pelo governo americano contra seus principais parceiros comerciais. Produtos como eletrodomésticos, roupas e móveis registraram aumentos expressivos: os eletrodomésticos, por exemplo, subiram 1,9% só em junho, ante 0,8% no mês anterior. Já móveis tiveram alta de 1%, e roupas aumentaram 0,4%, revertendo meses seguidos de queda nos preços.
A inflação “núcleo” ? que exclui alimentos e energia por sua volatilidade ? também subiu 2,9% em relação ao ano anterior, com alta de 0,2% só no mês de junho. Esses dados indicam que a guerra tarifária já está pressionando diretamente o custo de vida dos americanos, com impactos que podem se espalhar para outros setores e influenciar o ritmo da economia.
O impacto das tarifas sobre produtos brasileiros
Um dos capítulos mais recentes dessa guerra comercial envolve o Brasil. O governo Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir do próximo mês, incluindo itens que são pilares da pauta exportadora brasileira, como café, carne bovina e suco de laranja.
No caso do café, o impacto pode ser ainda mais severo. Além da tarifa, o produto já enfrenta uma alta global devido a condições climáticas desfavoráveis ? como as secas recentes que reduziram a produção no Brasil e no Vietnã, dois dos maiores exportadores para os EUA. Segundo dados do Bureau of Labor Statistics, o preço médio de 450 gramas de café moído nos supermercados americanos já subiu de US$ 5,99 no ano passado para US$ 7,93 em maio deste ano.
Com a tarifa de 50%, o preço do café deve ficar ainda mais caro para o consumidor americano, o que deve afetar também o consumo em cafeterias e restaurantes. Para o Brasil, essa medida pode significar queda nas exportações e prejuízos para o agronegócio, num momento em que o setor já enfrenta desafios climáticos e econômicos.