A mais recente declaração de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos e pré-candidato à Casa Branca, gerou forte repercussão internacional. Em um recado direto, Trump afirmou que só discutirá tarifas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando a “caça às bruxas contra Jair Bolsonaro” chegar ao fim. A fala não apenas impõe um obstáculo geopolítico ao Brasil, mas também carrega um diagnóstico cortante da atual situação institucional do país.
Trump classificou Jair Bolsonaro como “negociador duríssimo, mas honestíssimo”, em um gesto de claro contraste com o governo petista. A mensagem, que circula amplamente entre aliados da direita brasileira e internacional, vai além da retórica política: trata-se de uma sinalização explícita de que a instabilidade jurídica e a perseguição a adversários políticos no Brasil já impactam diretamente as relações econômicas e diplomáticas com potências globais.
Ao condicionar uma negociação comercial à cessação da perseguição política, Trump desmascara a narrativa de que o Brasil vive uma normalidade democrática. Na leitura dele, e de muitos observadores estrangeiros, o país mergulhou num modelo de governança autoritário, que silencia vozes dissonantes por meio do uso do Judiciário e da mídia alinhada.
Essa declaração pulveriza o discurso de que as dificuldades econômicas decorrem do passado ou de políticas anteriores. Trump coloca a responsabilidade diretamente sobre os ombros da atual gestão, indicando que o isolamento político do Brasil é consequência de seus próprios atos. Ele alerta, com seu estilo direto e pragmático, que a diplomacia ideológica tem um custo — e que o mundo está observando.
Para Lula, a fala de Trump representa um golpe duro: mostra que o discurso progressista não encontra eco em importantes interlocutores globais e que a repressão política interna já compromete a imagem externa do país. O Brasil, segundo a leitura implícita do ex-presidente americano, precisa urgentemente “arrumar a casa” para voltar a ter voz no tabuleiro internacional.
Para o analista político, Thomas Queiroz, o mundo não está mais comprando a versão oficial. A fala de Trump, como um soco na mesa, evidencia que o Brasil está pagando um alto preço por sua instabilidade institucional. E, desta vez, não dá para culpar o passado — a crise é do presente e tem nome e sobrenome.